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quinta-feira, agosto 11, 2011

A Benignidade do Senhor

David Wilkerson

Ao longo da Bíblia ouvimos essas palavras maravilhosas serem ditas por muitos servos de Deus: "O teu Deus é misericordioso, clemente, compassivo, ansioso por perdoar, grande em benignidade, tardio em irar-se'' (ver Êxodo 34:6, Deuteronômio 4:31, Jonas 4:2, Joel 2:13, Romanos 2:4). Essas palavras sobre a benignidade de Deus são recitadas vez após outra por homens como Moisés, Jonas, Davi, os profetas e o apóstolo Paulo.

Alguns cristãos podem ficar surpresos ao saber que Moisés falou da benignidade de Deus. Afinal de contas, Moisés ficou conhecido como o Legislador, trazendo duras admoestações sobre a obediência à lei de Deus. Ele alertou o povo que caso se recusassem a andar em retidão seriam julgados.

No entanto Moisés também teve essa grande revelação sobre a benignidade de Deus. Como ele soube desse aspecto da natureza de Deus? O Senhor revelou isso a ele na nuvem da Sua presença:

"Tendo o Senhor descido na nuvem, ali esteve junto dele e proclamou o nome do Senhor. E, passando o Senhor por diante dele, clamou: Senhor, Senhor Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado" (Êxodo 34:5-7, itálicos meus).

Mesmo quando Moisés pregava os alertas quanto ao julgamento, ele sempre relembrava esse aspecto importante do caráter de Deus. De fato, Moisés instigava o povo dizendo, "Quando estiveres em angústia, e todas estas coisas te alcançarem, então nos últimos dias voltarás para o Senhor teu Deus, e ouvirás a sua voz; porquanto o Senhor teu Deus é Deus misericordioso, e não te desamparará" (Deuteronômio 4:30-31).

No Velho Testamento, o povo de Deus O esqueceu vez após vez, no entanto em cada uma delas Ele os restaurou e abençoou incrivelmente

O Senhor tinha todo o direito de desistir de Israel, mas Ele sempre permaneceu fiel a eles. Neemias resume essa verdade maravilhosa sobre Sua natureza:

"Mas, tendo alcançado repouso, tornaram a fazer o mal diante de ti... todavia quando eles voltavam e clamavam a ti, tu os ouvias do céu, e segundo a tua misericórdia os livraste muitas vezes... Contudo pela tua grande misericórdia não os destruíste de todo, nem os abandonaste, porque és um Deus clemente e misericordioso" (Neemias 9:28, 31).

Isaías também conhecia esse aspecto da natureza de Deus. Como Moisés, Isaías pregou sobre o julgamento de Deus contra o pecado. Ele falou de dias negros de desespero que viriam aos que vivem em contínua rebelião. No entanto, no meio de uma de suas mensagens mais diretas, Isaías parou para fazer essa declaração:

"Celebrarei as benignidades do Senhor, e os louvores do Senhor, consoante tudo o que o Senhor nos tem concedido... segundo as suas misericórdias, e segundo a multidão de suas benignidades" (Isaías 63:7).

Para todo lado que Isaías se voltava ele via retrocesso e apostasia em Israel. No entanto, apesar disso, Isaías olhou para seu coração e recordou-se da revelação de como Deus realmente era. E começou a louvar a Deus pela Sua fidelidade: "Senhor, nos rebelamos contra Ti e nos desviamos do Teu Santo Espírito. Salve-nos novamente pela Tua graça. Mova a Tua compaixão para conosco. És cheio de benignidade".

O profeta Joel também deu alertas calamitosos sobre dias de densas trevas. Ele profetizou sobre terremotos terríveis e o escurecer do sol e da lua. No entanto, Joel pára repentinamente no meio de um alerta horrível e começa a falar da natureza amorosa de Deus:

"Todavia ainda agora diz o Senhor: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro e com pranto. E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes; e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque ele é misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e grande em benignidade, e se arrepende do mal" (Joel 2:12-13).

A palavra "arrepende" aqui significa que Deus quer anular o julgamento que se deve seguir ao pecado. Simplificando, Ele não quer julgamento para nós. Seu desejo é que lamentemos pelos nossos pecados e nos voltemos a Ele para sermos restaurados.

O alicerce para toda vitória sobre o pecado é entender que Deus é terno e cheio de benignidade

"Assim diz o Senhor... mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em entender, e em me conhecer, que eu sou o Senhor, que faço benevolência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor" (Jeremias 9:23-24).

Se você já caminhou com o Senhor algum período de tempo, provavelmente encorajou a outros de que Deus é clemente e perdoador. Agora lhe pergunto: quando você erra com o Senhor então de repente tudo isso se torna diferente? Você se encontra lutando em meio a sentimentos terríveis de culpa e de vergonha?

Você pode dizer, "Mas não deveríamos experimentar tais sentimentos quando pecamos?". De fato, tais sentimentos são resultados naturais do pecado. Mas como filhos de Deus não devemos continuar por dias e semanas pensando que nosso Pai está bravo conosco. Devido à provisão de Cristo na cruz, toda culpa e condenação podem ser rapidamente aliviadas. Assim Ele promoveu.

No entanto, mesmo depois de termos nos arrependido, podemos sentir como se devêssemos compensar nossas falhas com o Senhor. Como o filho pródigo, podemos ter o Pai nos abraçando, beijando nosso rosto, colocando um anel em nosso dedo e uma manta em nossas costas. Ele nos diz para esquecermos o passado, entrar à sua casa e desfrutarmos do banquete que preparou para nós.

Mas por dentro protestamos. A gente pensa: "Não posso entrar. Não sou digno! Pequei contra o Senhor. Preciso mostrar a Ele o quanto lamento. Preciso padecer, carregar um pouco mais essa culpa".

Para muitos cristãos é fácil acreditar que Deus perdoou os mais terríveis pecados de Israel. Não temos problema em aceitar que Ele perdoou Nínive no Velho Testamento e o ladrão à morte no Novo Testamento. Mas, estranhamente, achamos difícil aceitar o mesmo perdão para nós mesmos. Por alguma razão, é difícil para nós compreendermos que no momento em que nos voltamos a Ele, em arrependimento, Ele rápida e amorosamente nos aceita de volta como se jamais tivéssemos pecado.

A Bíblia promete que é possível entender a benignidade do Senhor

Repare nas palavras de Davi aqui: "Quem é sábio observe estas coisas, e considere atentamente as benignidades do Senhor" (Salmos 107:43, itálicos meus). Davi diz que esse salmo contém a chave para o entendimento das benignidades de Deus. Que chave é essa? É repetida quatro vezes no salmo: "Então clamaram...".

Davi havia recebido uma revelação tremenda do bondoso e perdoador coração de Deus. E descobriu isso simplesmente olhando como no passado Deus lidara com Seus filhos amados. Davi relata:

"Andavam famintos e sedentos; desfalecia-lhes a alma. E clamaram ao Senhor na sua tribulação, e ele os livrou de suas angústias; conduziu-os por um caminho direito... Dêem graças ao Senhor pela sua benignidade, e pelas suas maravilhas para com os filhos dos homens!" (107:5-8).

Quando os filhos de Israel se desviaram do Senhor ficaram famintos, sedentos e perdidos por causa do pecado. O que eles fizeram? "Clamaram ao Senhor... e ele os salvou de suas angustias" (107:6).

No entanto, mais uma vez eles se rebelaram e desviaram, caindo ainda mais fundo. De novo lemos: "Então clamaram ao Senhor... e enviou a sua palavra, e os sarou, e os livrou da destruição" (107:19, 20).

Finalmente, o povo de Deus mais uma vez veio ao seu beco sem saída. Uma tempestade se ergueu e suas almas se derreteram com tribulações: "Então clamam ao Senhor na sua tribulação, e ele os livra de suas angústias. Faz cessar a tormenta, de modo que se acalmam as ondas" (107:28, 29).

Eis o que o Senhor estava ensinando a Davi através dessa lição de historia: "Dê uma olhada nos registros de como lido com Meus filhos. Eles falharam comigo vez após outra. Mas então clamaram; Me buscaram. E Meu coração é tocado pelas lágrimas dos Meus filhos; sou movido com compaixão quando eles retornam para Mim. Essa é a Minha natureza. Sou tocado pelo sentimento de suas enfermidades".

Davi respondeu à essa revelação, "Veja quão facilmente o coração de Deus é movido. Oh, como Ele é rápido ao responder ao clamor de Seus filhos. Suas misericórdias não têm fim".

Amado, você não precisa continuar em agonia e culpa. Ao invés disso, vá ao Senhor, clame e confesse a Ele. Ele é um Pai carinhoso que é tocado pela totalidade de cada um dos seus clamores.

Houve um momento em que o próprio Davi precisou de uma revelação da misericórdia do Senhor

É bem conhecido que o rei Davi caiu em um pecado terrível, cometendo adultério e encobrindo-o com assassinato. Além disso, sabemos que Davi era cheio do Espírito Santo, portanto ele deve ter se sentido miserável. Davi só se manteria assim infeliz até que confessasse (a Deus) os atos horríveis que cometera.

O profeta Natã o confronta, dizendo: "Você trouxe vergonha ao nome de Deus". Imediatamente, Davi confessou e se arrependeu. Estando ele ainda chorando Natã assegurou a Davi, "Perdoados estão os teus pecados".

No entanto, ouvir essa afirmação não foi o suficiente para Davi. Veja, uma coisa é ser perdoado, e outra é estar livre e liberado pelo Senhor. Davi sabia que o perdão era a parte fácil. Agora ele queria se acertar com Deus, e ser capaz de ter sua alegria de novo. Então ele clama, "Não me lances fora da tua presença, e não retire de mim o teu santo Espírito" (Salmos 51:11).

O Salmo 51 foi sendo escrito à medida que Davi se lembrava da misericordiosa e longânima natureza do Senhor. No verso de abertura ele apela ao perdão carinhoso de Deus: "Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade, apaga as minhas transgressões segundo a multidão das tuas misericórdias".

Davi sabia exatamente o que fazer: Ele clamou! "Clamou este pobre, e o Senhor o ouviu, e o livrou de todas as suas angústias" (34:6). "Os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos ao seu clamor" (34:15). "Os justos clamam, e o Senhor os ouve, e os livra de todas as suas angustias" (34:17).

Prezado santo, eis aqui sua vitória sobre cada batalha. É possuir essa confiança: não importa o quão gravemente caiu, você serve a um Senhor que está pronto a perdoar; na verdade Ele está ansioso para curá-lo. Ele possui mais benignidade em seu favor do que você algum dia precisaria.

Portanto, aqui está a sua arma: clame! Clame como Davi clamou, com todo o seu coração. Vá ao Senhor e confesse seu pecado. Apele à Sua benignidade, dizendo, "Senhor, sei que me amas. E sei que estás pronto para me perdoar. Arrependo-me diante de Ti agora".

Naquele exato momento você ficará liberado com Deus. É fútil pensar que você pode retribuir qualquer quantia pelo seu pecado. Deus ama você de tal maneira que deu Seu Filho, Jesus, que já efetuou todo o pagamento. Nosso misericordioso e amoroso Advogado está ansioso para ajudá-lo e libertá-lo: "Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; mas, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo" (1 João 2:1).

Lembro-me de um dia quando passeava calmamente com minha netinha, Tiffany e ela começou a andar em cima de um muro baixo, de concreto. Eu a segurava por trás para impedi-la de cair, mas ela tentava tirar minha mão. Até que deixei-a ir, e ela tombou, apesar de não ter se machucado. Quando ela caiu, não a rejeitei, claro. Eu não disse, "Olha só o que você fez. Você não é mais minha!". Nenhum avô amoroso faria isso.

O Senhor me mostrou através dessa experiência, "David, você se permite amar tanto essa criança. Mas às vezes você não Me deixa amá-lo da mesma forma. Você se incha de orgulho pelos seus filhos, mas às vezes não me permite que Eu me orgulhe de você".

Não muito depois daquele dia, ouvi o Senhor dizer uma palavra doce ao meu coração. Ele disse, "Filho, você me faz feliz. Você bendiz Meu coração!". Ninguém jamais disse algo melhor para mim em minha vida. E sei que aquela palavra particular para mim é verdade. A Bíblia diz que o Senhor se deleita em Seus filhos.

A benignidade de Deus é para ser desfrutada

Jonas era um profeta que entendia plenamente a benignidade do Senhor. Mas foi um homem que não pôde desfrutar ou apropriar-se dela. Ao invés disso, Jonas transformou a benignidade de Deus em um fardo para si mesmo.

Veja, os ninivitas eram inimigos de Israel. Agora Deus estava ordenando que Jonas fosse à ímpia cidade de Nínive e profetizasse sua rápida destruição. Mas Jonas fugiu apressadamente. Por quê? Por causa da benignidade do Senhor. Jonas explicou ao Senhor, "Pois eu sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade, e que te arrependes do mal" (Jonas 4:2).

Em outras palavras: "Deus, tu me ordenastes que eu vá à Nínive para dizer que eles têm apenas quarenta dias antes da destruição vir. Mas não posso fazer isso porque Vos conheço. Tu és facilmente tocado. Lágrimas e arrependimento amolecem Teu coração. Sei o que vai acontecer. Quando vires os ninivitas clamando, vais mudar de idéia. Ao invés de mandar o julgamento, vais lhes agitar os corações em favor de Ti. Vou acabar parecendo um tolo!".

Finalmente, Jonas realmente foi à Nínive, mas somente através da barriga de um grande peixe que o cuspiu em terra seca. Jonas proclamou o julgamento de Deus a Nínive, e, mais do que certo, o povo se arrependeu. Os ninivitas, endurecidos pecadores, choraram, jejuaram, lamentaram e cobriram de saco até mesmo seus animais. Foi um dos avivamentos mais arrebatadores registrados na Bíblia.

No entanto, em meio a tudo isso Jonas se irou. Ele efetivamente se zangou por Deus ter poupado Nínive, ao invés de se alegrar por eles terem se tornado retos. Em suma, Jonas não desfrutou da benignidade de Deus. Amado, como povo de Deus, não ousemos cometer o mesmo erro. Precisamos agradecê-Lo pela Sua misericordiosa benignidade para conosco, para com Sua igreja, e para com nossa nação.

A benignidade de Deus deve ser proclamada

Devemos pregar sobre a benignidade do Senhor a todo ser humano. Davi testifica, "Apregoei tua fidelidade e a tua salvação; não escondi da grande congregação a tua benignidade e a tua verdade" (Salmos 40:10).

Davi não apenas se apropriou dessa mensagem maravilhosa para si. Ele sabia que ela era também extremamente necessária para toda a igreja, igualmente para toda a nação, e para um mundo ferido. Ele era grato a Deus por tão grande amor, pois ele estava totalmente ciente de suas próprias falhas: "As minhas iniqüidades têm me alcançado" (40:12).

Não importa o quão terrivelmente as pessoas ao nosso redor têm pecado. Deus ainda ama a todos. Foi por isso que Ele enviou Seu filho. E devíamos estar pregando isso ao mundo. Você pode dizer como Davi, "Não escondi da grande congregação a tua benignidade"? Esse é o desejo dEle para todos nós.

Eis aqui um dos versículos mais citados e entoados em toda a palavra de Deus: "Porquanto a tua benignidade é melhor do que a vida, os meus lábios te louvarão" (Salmos 63:3). Você pode perguntar, "O que significa, 'Sua benignidade é melhor do que a vida'?".

A verdade é que a vida é curta. Ela se murcha como a erva, que numa estação existe e na outra se vai. No entanto, a benignidade de Deus dura para sempre. Daqui a um milhão de anos Jesus será tão terno e amoroso conosco como é agora. Outros podem lhe tirar a vida, mas não podem tirar a benignidade de Deus.

Considere por um momento: Deus não está mais bravo com você pelo seu erro. Se você está pronto a esquecer seu pecado, poderá ser perdoado e restaurado nesse exato momento. A palavra diz que nada deve ficar entre Deus e nós – nenhum pecado, nenhuma culpa, nenhum pensamento nos condenando. Você pode dizer, "Minha vida é uma benção ao Senhor. E posso me regozijar e louvá-Lo. Estou limpo, livre, perdoado, justificado, santificado, redimido".

Você tem um Pai amoroso e carinhoso que se importa com você. Ele guardou cada lágrima que você já derramou. Ele viu cada uma das suas necessidades, conheceu cada pensamento seu. E Ele ama você! Se você pudesse ao menos ter o entendimento de quão terno ele é com você – quão paciente, cuidadoso, pronto para perdoá-lo e abençoá-lo – você seria incapaz de se conter. Você gritaria e louvaria até não ter mais voz: "A Sua benignidade é melhor do que a vida!". Amém

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