Bíblia de Estudo
- 1 Coríntios 15
A) A ressurreição de Cristo (v.1-11)
1 – Pregada (v.1-4)
- O evangelho dito no primeiro versículo, é o evangelho pleno, que inclui os ensinamentos sobre Cristo e a igreja, como é revelado plenamente no livro de Romanos 1:1 e 16:25.
- Devemos firmar-nos no evangelho pleno, isto é, em todo o Novo Testamento e não apenas em certos ensinamentos ou doutrinas.
- Nós, tendo sido justificados em Cristo e regenerados pelo Espírito, estamos e estaremos no processo de ser salvos na vida de Cristo (Romanos 5:10), e o seremos até que estejamos maduros e sejamos plenamente conformados a Ele (Romanos 8:29).
- A morte de Cristo pelos nossos pecados, o Seu sepultamento para nos pôr um fim e a Sua ressurreição para nos fazer germinar com a vida, segundo as profecias do Antigo Testamento (Isaías 53:5-12; Salmos 16:9-10, 22:14-18; Daniel 9:26, Oséias 6:2) são os itens básicos entre as primeiras coisas do evangelho. O último desses itens é o mais vital no evangelho que no infunde vida, para que obtenhamos vida e vivamos Cristo.
2 – Testemunhada (v.5-11)
- Os primeiros apóstolos e discípulos foram testemunhas oculares da ressurreição de Cristo (Atos 1:22) e a sua pregação ressaltava o testemunho desse fato (Atos 2:32, 4:33). Eles testemunhavam quanto ao Cristo ressurreto não apenas pelo seu ensinamento, mas também pelo seu viver. Eles viviam com Ele por meio do Seu viver (João 14:19).
- A graça, mencionada três vezes no versículo 10, é o Cristo ressurreto que se tornou o Espírito que dá vida (v.45), para introduzir, em nós, o Deus Triúno processado em ressurreição, para ser a nossa vida e suprimento de vida, de modo que vivamos em ressurreição. Assim, a graça é o Deus Triúno tornando-se vida e tudo para nós. Foi por essa graça que Saulo de Tarso, o maior pecador (1 Timóteo 1:15-16), se tornou o maior apóstolo laborando mais abundantemente do que todos os demais apóstolos. O seu ministério e viver pela graça de Deus são um testemunho inegável da ressurreição de Cristo.
- A frase “não eu, mas a graça de Deus” equivale à frase “não... eu... mas Cristo” em Gálatas 2:20. A graça que motivava o apóstolo e nele operava não era uma questão nem uma coisa, mas uma pessoa viva, o Cristo ressurreto, a corporificação de Deus Pai que se tornou o Espírito que dá vida todo-inclusivo, que habitava no apóstolo como o seu tudo.
B) A refutação de “não há ressurreição” (v.12-19)
- Neste capítulo, o apóstolo tratou do fato de os coríntios afirmarem hereticamente que não havia ressurreição dos mortos. Eles eram como os saduceus (Mateus 22:23; Atos 23:8). Esse era o décimo problema que havia entre eles. Esse problema é extremamente nocivo e destrutivo para a economia neotestamentária de Deus e é pior do que a heresia de Himeneu e Fileto em relação a ressurreição (2 Timóteo 2:17-18). A ressurreição é o pulso da vida e o que sustenta a economia divina. Se não houvesse ressurreição, Deus seria um Deus de mortos e não de vivos (Mateus 22:32). Se não houvesse ressurreição, Cristo não teria ressuscitado dos mortos. Ele seria um Salvador morto e não um Salvador vivo que vive para sempre (Apocalipse 1:18) e é capaz de salvar completamente (Hebreus 7:25). Se não houvesse ressurreição, não haveria a prova viva de que fomos justificados pela sua morte (Romanos 4:25), nem haveria infusão de vida (João 12:24), nem regeneração (João 3:5), nem renovação (Tito 3:5), nem transformação (Romanos 12:2; 2 Coríntios 3:18), nem conformação à imagem de Cristo (Romanos 8:29). Se não houvesse ressurreição, não haveria membros de Cristo (Romanos 12:5), nem o Corpo de Cristo como a Sua plenitude (Efésios 1:20-23), nem a igreja como a noiva de Cristo (João 3:29) e, portanto, não haveria o novo homem (Efésios 2:15; 4:24; Colossenses 3:10-11). Se não houvesse ressurreição, a economia neotestamentária de Deus entraria em colapso e o Seu propósito eterno seria anulado.
- “...a nossa pregação é vã...” – Isto é, vazia, oca. Sem o Cristo vivo em ressurreição, tanto a proclamação do evangelho como a nossa fé no evangelho seriam vazias e ocas, sem qualquer realidade.
- Se Cristo não tivesse sido ressuscitado para viver em nós como a nossa vida e como o nosso tudo, a nossa fé Nele seria infrutífera, não teria valor e não produziria nenhum resultado, assim como a infusão de vida, a libertação do pecado, a vitória sobre Satanás e o crescimento em vida.
- A morte de Cristo nos salva de ser condenados por causa dos pecados, mas não do poder do pecado. É a Sua vida de ressurreição que nos livra do poder do pecado (Romanos 8:2). Se Cristo não tivesse sido ressuscitado, ainda estaríamos em pecados e sob o poder do pecado.
- “...os que dormiram em Cristo pereceram.” – isto é, não ser ressuscitado, mas permanecer na morte para sempre.
- Se não houvesse ressurreição, não teríamos futuro nem esperança para o futuro como: Cristo, a nossa esperança da glória (Colossenses 1:27); a porção da nossa bênção eterna (Daniel 12:13); reinar com Cristo no milênio (Apocalipse 20:4,6); e a recompensa da ressurreição dos justos (Lucas 14:14). Todas essas esperanças estão ligadas à nossa ressurreição.
C) A história da ressurreição (v.20-28)
- Os versículos 20-28 são um parêntesis que provam a verdade da ressurreição e apresentam Cristo como as primícias da ressurreição.
- Cristo foi o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, tornando-se as primícias da ressurreição. Isso foi tipificado pelas primícias (um molho de primícias, que inclui Cristo com alguns dos santos mortos do Antigo Testamento, ressuscitou na ressurreição do Senhor – Mateus 27:52-53) em Levítico 23:10-11, que eram oferecidas a Deus no dia a seguir ao sábado, o dia da ressurreição (Mateus 28:1). Cristo, como as primícias da ressurreição, é o Primogênito dentre os mortos para ser a Cabeça do Corpo (Colossenses 1:18; Efésios 1:20-23). Visto que Ele, a Cabeça do Corpo, ressuscitou, nós, o Corpo, também ressuscitaremos.
- “...mediante um homem veio a morte...” – isto é, Adão, o primeiro homem (vers. 45)
- “...mediante um homem veio a ressurreição...” – isto é, Cristo, o segundo homem (vers. 47). Adão trouxe a morte mediante o pecado (Romanos 5:12); Cristo trouxe a vida de ressurreição mediante a justiça (Romanos 5:17-18). A morte que Adão trouxe opera em nós desde que nascemos de nossos pais até a morte do corpo. A vida de ressurreição que Cristo trouxe opera em nós, como é representado pelo batismo (Romanos 6:4), desde que fomos regenerados pelo Espírito de Deus (João 3:5) até a transfiguração do nosso corpo (Filipenses 3:21).
- Em Adão, nascemos na morte e para morrer; nele estamos mortos (Efésios 2:1, 5). Em Cristo, renascemos em vida e ressuscitamos para viver; Nele fomos avivados, vivificados (Efésios 2:5-6).
- “...Cristo, as primícias...” – Cristo como as primícias, ocupou o primeiro lugar na ressurreição dentre os mortos. Os crentes em Cristo, os justos, que serão ressuscitados para a vida na segunda vinda do Senhor, antes do milênio (João 5:29, Lucas 14:14, 1Tessalonicenses 4:16, 1Coríntios 15:52, Apocalípse 20:4-6). Eles serão os segundos na ressurreição dentre os mortos.
- No versículo 23, a ordem da ressurreição é mencionada: primeiro, Cristo, e depois, os que são Dele. Segundo isso, neste versículo, após a palavra então, era de esperar que fosse citado um grupo de pessoas. No entanto , aqui ele não nos diz quem, mas diz “o fim”, pois na sua sequência os que serão ressuscitados no fim não estão em Cristo. O fim aqui mencionado é o fim de todas as eras e dispensações da velha criação. É também o fim do milênio antes do novo céu e da nova terra (Apocalipse 21:1). Em todas as eras e dispensações, Deus, por um lado, tem lidado com o Seu inimigo Satanás e com todas as coisas negativas que existem no universo; por outro, tem realizado todas as coisas para o cumprimento do Seu propósito eterno. A última das eras e dispensações será o milênio, a era do reino, após a qual todos os tratamentos e realizações de Deus serão totalmente completados. Essa completação será o fim, a conclusão de toda a Sua obra. Nesse fim, todos os incrédulos mortos, os injustos, serão ressuscitados para juízo para a perdição eterna (João 5:29; Apocalipse 20:5, 11-15). Serão os terceiros na ressurreição.
- Quando Cristo anular a autoridade satânica, subjugar todos os Seus inimigos (vers. 25), abolir a morte (vers. 26) e entregar o reino a Deus Pai, isto é, quando todas as coisas negativas tiverem sido exterminadas e o propósito de Deus for cumprido na sua totalidade, a velha criação terá sido concluída.
- Após realizar a redenção, Cristo foi receber o reino do Pai (Lucas 19:12, 15). Antes do milênio, Ele, como o Filho do homem, terá recebido o reino da parte de Deus, o Ancião de dias, para governar todas as nações durante mil anos (Daniel 7:13-14; Apocalipse 20:4, 6). No fim do milênio, após ter derrotado Satanás (que é o diabo) e os seus anjos malignos (que são todo o governo, autoridade e poder) e até a morte e o Hades, colocando todos os Seus inimigos sob os Seus pés (vers. 25-26) e lançando-os todos, incluindo a morte e o Hades no lago de fogo (Apocalipse 20:7-10, 14), Ele voltará a entregar o reino a Deus Pai.
- Imediatamente após a queda do homem, Deus iniciou a Sua obra para abolir o pecado e a morte. Essa obra tem progredido através das eras do Antigo e do Novo Testamento e ainda hoje está em curso. Quando o pecado for eliminado no fim da velha criação e quando a sua origem, Satanás, for lançada no lago de fogo (Apocalipse 20:7-10), a morte será abolida; será lançada no lago de fogo com o Hades, o seu poder, após o juízo final no trono branco (Apocalipse 20:11-15).
- Deus sujeitou todas as coisas sob os pés de Cristo (vers. 27). É uma referência ao Salmo 8:4-8 relativamente a Cristo como homem a quem Deus fez ter domínio sobre todas as coisas. Isso se cumprirá quando todas as coisas mencionadas nos vers. 24-26 tiverem ocorrido. A palavra porque, no início do versículo, mostra isso. “... Lhe sujeitou todas as coisas.” – a Ele (o homem ressuscitado, glorificado e exaltado) Deus sujeitou todas as coisas (Hebreus 2:7-9; Efésios 1:20-22).
- Cristo, o Filho de Deus, como cabeça de todos os homens na Sua humanidade, está sujeito ao encabeçamento de Deus Pai (1 Coríntios 11:3) o que é para o governo do reino de Deus. Depois de Deus Pai ter sujeitado todas as coisas sob os pés de Cristo, como o homem ressurreto em glória (Efésios 1:22; Hebreus 2:7-8) e depois de Cristo, como o homem ressurreto, ter posto todos os inimigos sob os seus pés para executar a obra de Deus Pai de Lhe sujeitar todas as coisas, Ele como o Filho de Deus, ao entregar novamente o reino a Deus Pai (vers. 24) também Se sujeitará na Sua divindade a Deus, que sujeitou todas as coisas a Ele,o Filho na Sua humanidade. Isso indica a sujeição e a subordinação absolutas do Filho ao Pai, o que exalta o Pai para que Deus Pai seja tudo em todos.
D) A influência moral da ressurreição (v.29-34)
- Isso não deve ter sido uma questão oficial geralmente praticada pelas igrejas primitivas, mas uma atividade pessoal de alguns crentes individuais em nome dos mortos com quem se preocupavam, que talvez tenham crido no Senhor, mas não haviam sido batizados antes de morrerem. Eles faziam isso na esperança de que os mortos ressuscitassem na vinda do Senhor (1 Tessalonicenses 4:16), visto que no batismo está claramente representada a ressurreição (Colossenses2:12). O apóstolo usou o que eles faziam para confirmar a verdade da ressurreição. Isso não significa, porém, que ele aprovasse o fato de alguns dos crentes serem batizados pelos mortos.
- Os crentes coríntios eram fruto do labor do apóstolo, no qual ele arriscou a vida. Neles o apóstolo podia gloriar-se disso. Gloriando-se assim, ele declarou que diariamente morria, isto é, que diariamente arriscava a vida, enfrentava a morte e morria para o ego (2 Coríntios 11:23; 4:11; 1:8-9; Romanos 8:36).
- Neste ponto, ao falar sobre a ressurreição, o apóstolo usou a sua experiência na obra do Senhor para confirmar a questão da ressurreição, especialmente, o efeito da ressurreição de Cristo em si mesmo. O apóstolo se gloriou nos coríntios, que eram fruto de ele ter arriscado a sua própria vida, e o fez no Cristo ressurreto, não em si mesmo, porque corria risco de vida, ao laborar por eles, não por si mesmo, mas pelo Cristo ressurreto.
- Naquele tempo, os homens lutavam contra pessoas e questões malignas, para receber uma recompensa temporal. Mas não era desse modo que o apóstolo lutava contra pessoas e questões malignas por amor do evangelho. Antes, ele lutava segundo uma esperança mais elevada, para ser recompensado na ressurreição no futuro (Lucas 14:14; 2 Timóteo 4:8).
- “...lutei com feras em Éfeso...” – uma metáfora que denota pessoas ou questões malignas (2 Timóteo 4:17)
- “...comamos e bebamos, pois amanhã morreremos.” – isso parece ser uma citação de um ditado daquele tempo, uma máxima dos epicureus. Se não há ressurreição, os crentes não tem esperança pelo futuro e se tornam os homens mais miseráveis (vers. 19). Se for assim, é melhor gozar a vida hoje e esquecer o futuro, como faziam os epicureus.
- 15:33 – Isso parece ser uma citação de um ditado daquele tempo, um fragmento de um poema grego. Com essas palavras, o apóstolo advertiu os crentes coríntios a não ter por companhia aqueles hereges que diziam ao haver ressurreição. Esta companhia maligna corromperia a sua fé e as suas virtudes cristãs.
- “Tornai-vos à sobriedade...” – ou: cessai, como é justo, de ser bêbados. Como é justo quer dizer ser reto com Deus e com os homens. Dizer que não há ressurreição ofende Deus e o homem. Isso é cometer pecado e, assim, ser injusto. Por isso, o apóstolo aconselhou os coríntios desorientados a despertar sobriamente desse pecado e restaurar um relacionamento justo com Deus e com o homem. Eles estavam embriagados injustamente no entorpecimento da heresia de não haver ressurreição e precisavam abandonar aquele entorpecimento.
- Ser herege ao dizer que não há ressurreição é não conhecer a Deus, não conhecendo o Seu poder nem Sua economia (Mateus 22:29-32). Isso é uma vergonha para os crentes.
E) A definição de ressurreição (vers. 35-49)
1 – O corpo de ressurreição (vers. 35-44)
- A realidade da ressurreição está contida e oculta na natureza, especialmente na vida vegetal. Uma semente plantada na terra morre e é vivificada. Isto é ressurreição. Isso respondia à primeira pergunta dos coríntios insensatos: “Como ressuscitam os mortos?” (vers. 35).
- 15:38 – Esse não é o corpo semeado para morrer (vers. 37), mas o corpo ressuscitado dado por Deus, que tem outra forma e num nível mais elevado. Isso respondia à pergunta insensata dos coríntios: “Em que tipo de corpo vêm?” (vers. 35).
- Nos versículos 39-41, o apóstolo provou aos coríntios insensatos que Deus é capaz de dar um corpo a todas as vidas ressurretas, assim como deu um corpo a todas as coisas criadas: aos homens e aos animais que estão na terra, aos pássaros do ar e aos peixes na água – os corpos terrenos com diferentes glórias; e ao sol, à lua e às estrelas – corpos celestes com glória celeste em vários graus.
- Um corpo almático é um corpo natural animado pela alma, é um corpo em que a alma predomina. Um corpo espiritual é um corpo ressuscitado saturado pelo espírito, é um corpo em que o espírito predomina. Quando morremos, o nosso corpo natural sendo almático, será semeado, isto é sepultado, em corrupção, em desonra e em fraqueza. Quando for ressuscitado, se tornará espiritual em incorrupção, em glória e em poder (vers. 42-43).
2 – Um corpo espiritual (vers. 45-49)
- Mediante a criação, Adão tornou-se alma vivente com um corpo almático. Mediante a ressurreição, Cristo tornou-se Espírito que dá vida com um corpo espiritual. Adão como alma vivente, é natural; Cristo, como Espírito que dá vida, é ressurreto. Primeiro, na encarnação, Ele se tornou carne para cumprir a redenção (João 1:14, 29); depois, em ressurreição, Ele se tornou Espírito que dá vida para infundir vida (João 10:10b). Mediante a encarnação, Ele tinha um corpo almático como Adão; mediante a ressurreição, Ele tem um corpo espiritual. O seu corpo almático tornou-se espiritual mediante a ressurreição. Agora Ele é o Espírito que dá vida em ressurreição, com um corpo espiritual, pronto para ser recebido pelos Seus crentes. Quando cremos Nele, Ele entra em nosso espírito e somos unidos a Ele como o Espírito que dá vida. Por isso, nos tornamos um espírito com Ele (1 Coríntios 6:17). O nosso espírito é vivificado e ressuscitado com Ele. Por fim, o nosso atual corpo almático se tornará um corpo espiritual em ressurreição, assim como o Dele (vers. 52-54; Filipenses 3:21).
- A expressão formado da terra denota a origem do primeiro homem, Adão, e o termo terreno, a sua natureza. Cristo não apenas é o último Adão (vers. 45), mas também o segundo homem. O primeiro Adão é o início da humanidade; o último Adão é o fim. Como o primeiro homem, Adão é a cabeça da velha criação, representando-a na criação. Como o segundo homem, Cristo é a Cabeça da nova criação, representando-a em ressurreição. Em todo o universo, há somente dois homens: o primeiro homem, Adão, que inclui todos os seus descendentes, e o segundo homem, Cristo, que inclui todos os Seus crentes. Nós, crentes, fomos incluídos no primeiro homem por nascimento e nos tornamos parte do segundo homem pela regeneração. O fato de termos crido, nos transferiu do primeiro homem para o segundo. Relativamente a fazermos parte do primeiro homem, a nossa origem é a terra e a nossa natureza é terrena. Com respeito a fazermos parte do segundo homem, a nossa origem é Deus e a nossa natureza é celestial.
- Como parte de Adão, temos a imagem do homem terreno por nascimento; como parte de Cristo, temos a imagem do homem celestial em ressurreição. Isso indica que, assim como em Adão nascemos terrenos, assim também em Cristo ressuscitaremos celestiais. Esta ressurreição é o nosso destino. É tão certa como o nosso nascimento e jamais deve ser questionada.
E) A vitória da ressurreição (vers. 50-58)
1 – A vitória da incorrupção sobre a corrupção (vers. 50-53)
- A carne e o sangue são os componentes do corpo almático, que é corruptível e não está qualificado a herdar o reino de Deus, que é incorruptível. A corrupção não pode herdar a incorrupção. Nosso corpo corruptível tem de ser ressuscitado num corpo incorruptível, para que herdemos o reino incorruptível de Deus em ressurreição.
- A transfiguração, que inclui a ressurreição, do nosso corpo corruptível e que o transformará num corpo incorruptível (Filipenses 3:21). Isso é misterioso para o entendimento humano. O dormiremos conforme versículo 51 é o mesmo que morreremos (1 Coríntios 11:30; João 11:11-13; 1 Tessalonicenses 4:13-16). Seremos transformados, é o mesmo que transfigurados da corrupção, desonra e fraqueza para a incorrupção, glória e poder (vers. 42-43). Isso é ter o corpo da nossa humilhação conformado ao corpo da glória de Cristo.
- A última trombeta é a sétima conforme Apocalipse 11:15 e a trombeta de Deus (1 Tessalonicenses 4:16). “... os mortos ressuscitarão...” – são os mortos em Cristo, os Crentes mortos; os santos (crentes) mortos ressuscitarão primeiro, depois os vivos serão mudados, transfigurados, no arrebatamento (1 Tessalonicenses 4:15-17).
- 15:53 – Isso se refere ao nosso corpo corruptível e mortal, que tem de se revestir de incorrupção e de imortalidade quer mediante a nossa ressurreição dos mortos quer mediante a nossa transfiguração ainda vivos. Isso é misterioso e incompreensível aos olhos naturais.
2 – A vitória da vida sobre a morte (vers. 54-57)
- Quando o nosso corpo corrompido e mortal ressuscitar ou for transfigurado da corrupção e da morte para a glória e para a vida, então a morte será tragada resultando em vitória. Isso é a consumação da ressurreição que compartilhamos na economia de Deus mediante a redenção e a salvação em Cristo. Essa ressurreição começa com o avivamento do nosso espírito mortificado e se completa com a transfiguração do nosso corpo corruptível. Entre essas duas extremidades está o processo no qual a nossa alma caída é metabolicamente transformada pelo Espírito que dá vida, que é a realidade da ressurreição (2 Coríntios 3:18).
- A morte é uma derrota para o homem. Mediante a salvação de Cristo, na vida de ressurreição, a morte será tragada resultando em vitória para nós, os beneficiários da vida de ressurreição de Cristo.
- Este capítulo fala da ressurreição. A ressurreição de Cristo foi a Sua vitória sobre Satanás, o inimigo de Deus, sobre o mundo, sobre o pecado e sobre a morte. Após a Sua ascensão triunfal às alturas (Efésios 4:8) em Sua ressurreição, Deus sujeitou-Lhe todos os inimigos (vers. 25). Então, como Aquele que está em ressurreição, Ele virá à terra com o reino de Deus (Daniel 7:13-14) para exercer o poder de Deus e subjugar tudo na terra. Isso continuará por mil anos (Apocalipse 20:4, 6). O último inimigo a ser abolido é a morte. Tragar a morte resultará na vitória final da ressurreição do Senhor, isto é, na vitória final e completa que Ele realizou em ressurreição para nós que cremos Nele e participamos na Sua ressurreição. Esse será o resultado final e máximo da Sua ressurreição para o reino eterno de Cristo e de Deus e para que aqueles que crêem Nele desfrutem eternamente a Sua vida de ressurreição na eternidade.
- 15:55 – Essa é a exclamação triunfante do apóstolo quanto à vitória da vida de ressurreição sobre a morte.
- A morte é do diabo (Hebreus 2:14) e mediante o pecado ela nos espeta para a morte (Romanos 5:12). Na redenção de Deus, Cristo foi feito pecado por nós (2 Coríntios 5:21), para que Deus pudesse condenar o pecado pela morte de Cristo (Romanos 8:3), abolindo, assim, o aguilhão da morte. Então, pela ressurreição de Cristo a morte é tragada pela vida de ressurreição.
- O pecado nos traz maldição e condenação, tanto na nossa consciência como diante de Deus, através da lei (Romanos 4:15; 5:13, 20; 7:7-8). Por isso, a lei se torna o poder do pecado para nos matar (Romanos 7:10-11). Visto que a morte de Cristo cumpriu as exigências que a lei nos fazia (1 Pedro 3:18; 2:24), o poder do pecado foi anulado. Pela morte de Cristo, o pecado foi condenado e a lei anulada e mediante a Sua ressurreição, a morte foi tragada. Portanto, temos de dar graças a Deus, que nos dá tal vitória sobre o pecado e a morte, mediante a morte e a ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo (vers. 57).
- Essa vitória sobre o pecado e a morte, mediante a morte e a ressurreição de Cristo, não deve ser meramente um fato realizado para a nossa aceitação; tem de se tornar a nossa experiência diária em vida mediante o Cristo ressurreto como o Espírito que dá vida (vers. 45), que é um com o nosso espírito (1 Coríntios 6:17). Por isso, devemos viver e andar pelo espírito mesclado. Desse modo, graças serão dadas continuamente a Deus, que nos dá a vitória mediante o nosso Senhor Jesus Cristo.
3 – Um motivo para a obra do Senhor (vers. 58)
- Questionar a verdade da ressurreição é ser abalado. Ter certeza e permanecer na realidade da ressurreição é ser firme e inabalável.
- Não crer na realidade da ressurreição faz com que fiquemos decepcionados em relação ao nosso futuro, desencorajando-nos, assim, na obra do Senhor. A fé nos dá uma forte aspiração de abundar na obra do Senhor com a expectativa de agradar ao Senhor em ressurreição quando Ele voltar.
- Não pela nossa vida nem pela nossa capacidade naturais, mas pela vida e poder de ressurreição do Senhor. Nosso labor para o Senhor na Sua vida de ressurreição com Seu poder de ressurreição jamais será em vão, mas resultará no cumprimento do propósito eterno de Deus mediante a pregação de Cristo aos pecadores , no ministrar da vida aos santos e na edificação da igreja com as experiências do Deus Triúno processado como ouro, prata e pedras preciosas (1 Coríntios 3:12). Esse labor será recompensado no dia da ressurreição dos justos pelo Senhor que há de regressar (1 Coríntios 3:14; Mateus 25:21, 23; Lucas 14:14).
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