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sábado, setembro 17, 2011

Plenamente Convencido

David Wilkerson

“Sei em quem tenho crido e estou bem certo de que ele é poderoso para guardar o que lhe confiei até aquele dia” (2 Timóteo 1:12, itálicos meus).

Essas são palavras de um homem à morte. O apóstolo Paulo se dirigia a seu aluno, o jovem aprendiz de ministro, Timóteo. Mais adiante na mesma carta, Paulo confidencia a Timóteo essas penosas palavras: “Estou agora pronto para ser oferecido, e o tempo de minha partida está perto. Combati um bom combate, terminei minha carreira, conservei a fé” (vide 4:7).

Apesar de Paulo haver dirigido tais palavras a Timóteo, a mensagem fala a todo servo de Cristo que esteja enfrentando grande aflição. Veja o contexto: no ápice de seus sofrimentos lancinantes – à beira da morte - Paulo está plenamente convencido do amor de Deus por ele; e mais, está convencido da habilidade do Senhor “para guardar o que lhe” confiou a despeito de todas evidências em contrário.

Amado, o conselho de Paulo aqui busca todos os que são esbofeteados diariamente por forças satânicas, estão envolvidos em violentos combates espirituais, suportando grandes dificuldades como bons soldados. Como Paulo era capaz de falar tão confiantemente da fidelidade de Deus em meio a cada sofrimento seu? Exatamente do quê ele estava bem certo em relação ao Senhor, a ponto de fazer nascer nele tamanha fé?

Paulo jamais explica quais coisas havia “confiado (a Deus) até aquele dia”; só podemos especular sobre o que poderiam ser. Contudo, como Paulo, nós também devemos estar plenamente convencidos da fidelidade de Deus em guardar as coisas que confiamos a Ele. Na verdade, para enfrentar as dificuldades nestes dias de provação há várias coisas das quais precisamos estar bem certos em relação ao nosso Senhor.

1. Precisamos estar plenamente convencidos de que nada pode nos separar do amor de Deus em Cristo Jesus.

Paulo escreve à igreja em Roma:

“Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as cousas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 8:38-39).

Antes de fazer essa ousada afirmação, Paulo primeiro faz essa pergunta: “Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? ... Em todas estas cousas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou” (8:35,37).

Fica claro pela pergunta de Paulo que ele reconhecia a missão de Satanás para estes últimos dias: impedir que o povo de Deus ande no Seu grande amor. Tristemente, multidões dentro da igreja hoje são cegadas por esse engano produzido pelo inimigo; muitos vivem completamente alienados do fato de ele ter conseguido lhes bloquear o conhecimento e o desfrute do amor de Deus por elas.

Não entenda mal. Nunca devemos temer o adversário; mas se não ficarmos alertas aos ataques sutis de Satanás contra a nossa fé, continuaremos a viver vidas derrotadas. Paulo sabia o quanto é importante mostrar as abominações do Diabo. Apenas quando identificamos estes ataques contra a fé podemos dizer com Paulo, “Pois estou bem certo de que nada – nem mentiras, nem enganos, nem acusações – pode me separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus”.

Temos de saber que Satanás, nestes últimos dias, está resolvido a fechar todo ministério dirigido pelo Espírito Santo, e a derrubar todo vitorioso filho de Deus guiado pelo Espírito; o alvo dele não é apenas os que pregam do púlpito, mas todo crente cuja fé é efetiva contra seu reino de trevas.

Nestes últimos anos tenho tido uma crescente sensação de que os sofrimentos e aflições dos eleitos de Deus dos dias de hoje estão além de qualquer coisa suportada na história da igreja de Cristo.

Os justos de Deus sempre conheceram muitas aflições. Hebreus 11 testifica isso. E agora, dizem as escrituras, Satanás está assolando a igreja porque sabe que o seu tempo está se esgotando: “O diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta” (Apocalipse 12:12).

A volta do Senhor Jesus está bem às portas; e então, com grande ira o inimigo de nossas almas veio para tentar enganar até os eleitos de Deus. Nesse instante, legiões de mensageiros esbofeteadores da parte de Satanás estão fazendo todas as tentativas para desencorajar e destruir os escolhidos de Deus. Paulo testifica desses ataques ferozes sobre a sua própria vida, declarando, “Satanás nos barrou o caminho” (I Tessalonicenses 2:18).

No século passado, T. Austin-Sparks escreveu da guerra do Diabo nos últimos dias. Esse piedoso ministro viu “muitas coisas sendo limitadas, contidas, paralisadas por Satanás. (Multidões de cristãos) incapazes de produzir, de cumprir seus ministérios... devido aos empecilhos de Satanás”.

Como Paulo antes dele, Austin-Sparks alerta para que o povo de Deus fique ciente dos ataques do Diabo. E insiste em que os crentes intercedam diante de Deus para que Satanás caia de sua alta posição de “acusador dos irmãos”.

Acredito que tal intercessão esteja no coração de todo crente que tenha experimentado a obra de impedimento feita por Satanás. Tais crentes conhecem por experiência própria as batalhas que o inimigo lança contra todos os que vivem vidas segundo o santo chamamento de Cristo.

Chego ao ponto de crer que os alvos especiais de Satanás sejam os intercessores de Deus.

O que é um intercessor? Em termos simples, é alguém que assume as necessidades e a carga dos outros em oração. Tal servo jamais deixa de interceder pela igreja de Cristo, ou por qualquer pessoa que o Senhor ponha em seu coração.

Em todas as épocas, Deus colocou intercessores nas linhas de frente para guerrear contra os principados e poderes de Satanás. Hoje esses soldados espirituais podem ser achados em todos os países. E há motivo para serem chamados “guerreiros de oração”. Muitos dos que escrevem ao nosso ministério descrevem o intenso combate espiritual que travam em suas próprias vidas.

Um intercessor de 91 anos de idade escreveu o seguinte: “Me sinto consumido, tendo servido [ao Senhor por tanto tempo] de todo o coração. O meu corpo se fragiliza depois de anos de sofrimento – devido a todos os cuidados e dores dos outros constantemente diante de mim... Desde os 4 anos de idade, tenho amado e orado pelos outros. Tenho sido um intercessor todos estes anos... Recupero o terreno que Satanás tenta tirar de mim orando no Espírito... e recebo força nova”.

Por toda uma vida, esse santo levou a sério a exortação de Judas: “Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no Espírito Santo, guardai-vos no amor de Deus” (Judas 20-21). A mensagem para os que estão na guerra espiritual está clara: “Edifique-se na . Guarde-se no amor de Deus”.

Note que Judas define as suas palavras com admoestação para orar no Espírito Santo.

É absolutamente impossível edificar a fé através da força ou da habilidade humanas. Sem o Espírito Santo simplesmente não somos capazes de nos guardar no conhecimento e na certeza do amor de Deus por nós; não somos páreo para os poderes das trevas. Nem mesmo podemos pegar o escudo da fé para apagar os dardos inflamados do inferno só por decidirmos isso em nossa mente. Necessitamos do Espírito de Deus para nos dar poder em todas as coisas.

Nestes dias de provação, memorizar versículos das escrituras não é suficiente. Conheço um homem cujo conhecimento da palavra de Deus era tão vasto que ele era chamado de “Bíblia Ambulante”. Ele conseguia recitar livros inteiros das escrituras. Mas durante uma grande provação em sua vida ele abandonou a fé. Como Paulo testifica, “A letra mata, mas o espírito vivifica” (2 Coríntios 3:6).

Tragicamente, muitos cristãos que se proclamam estar cheios do Espírito simplesmente não se voltam ao Espírito Santo em seus sofrimentos; sabem pouco de Sua paz e consolação - quando é específico papel dEle nos prover tais coisas. Tais crentes não aprenderam a ser inteiramente dependentes do Espírito, talvez por nunca terem sido persuadidos plenamente da necessidade que têm dEle.

Um problema é que muitos cristãos impõem uma hierarquia na Trindade, convencendo-se de que “Deus Pai é primeiro, Jesus Cristo é segundo e o Espírito Santo é o terceiro”.

Nada poderia estar mais distante da verdade. O Espírito Santo é a própria íntima essência de Deus, e deve ser adorado tanto quanto obedecido.

Após vinte e dois anos pastoreando uma igreja, cheguei à uma conclusão quanto ao papel do Espírito Santo em nossas vidas. Resumindo, aprendi a nunca tentar dar aconselhamento a um crente que esteja em sofrimento sem primeiro orar que o Espírito Santo derrube toda oposição satânica.

Todo seguidor de Jesus tem de reconhecer as tentativas diabólicas de impedir que ele conheça as promessas de Deus. Só então estou capacitado a orar com essa pessoa para que o Espírito Santo abra o seu coração para receber o amor de Deus por ela.

Eu posso ser capaz de citar um vasto número de versículos das escrituras que se aplicam à situação desta pessoa; e posso, em amor e compaixão, ter empatia com ela em sua dor e fazer todo o possível para levantar o seu ânimo. Mas ela tem de conhecer por si a segurança do amor e da consolação que apenas o Espírito Santo pode conceder.

Todo aquele que alguma vez tenha amado Jesus já teve de clamar ao Espírito buscando segurança, a fim de ficar plenamente convencido. O mesmo é verdade para a igreja de Deus nessa guerra dos últimos dias. Todo santo precisa saber através do Espírito que Deus não está zangado com ele, que o Senhor não o abandonou, e que Jesus é tocado por todos os nossos sentimentos, dores e sofrimentos.

2. Precisamos estar plenamente convencidos de que Deus fielmente recompensa os que diligentemente O buscam.

“Sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11:6).

Há vezes em que muitos de nós lutam para agarrar a fé. Todos desejamos reivindicar as promessas de Deus, não apenas para consolação e bênção mas para que assim possamos agradá-Lo; queremos uma fé que traga glória a Deus.

Devido a isso, muitas vezes nos complicamos quando orações não são respondidas. Começamos a questionar a fé, nos perguntando, “A minha fé em Deus é muito fraca? Sou lento em crer? Por que o céu parece fechado às minhas orações? Será que de algum modo hesitei? Será que não sou fervoroso o suficiente? Será que tem alguma raíz ímpia de incredulidade morando numa parte do meu coração?”.

E ficamos sempre nos esforçando para crer - e nos esforçamos tanto para agradar a Deus com o tipo certo de fé, que a frustramos com julgamento. Agora, após mais de sessenta anos de serviço para Deus, quero dizer o que fé apropriada significa, ou se tornou para mim:

  • Significa se ater às promessas de Deus quando não há prova física de que Suas promessas estão sendo cumpridas.
  • Significa confiar no Espírito Santo para manter minha alma em descanso, convencido de que Deus está operando em todas as coisas para o meu bem.
  • Significa descansar nessa declaração de Paulo: “Sabemos que todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Romanos 8:28).

O famoso versículo de Paulo de que “todas as coisas cooperam para o bem” irá provar a nossa fé vez após vez em nossa vida.

Com muita freqüência a olho nu as circunstâncias parecem estar indo mal. Ainda assim em cada momento durante a provação há uma realidade eterna em ação. Deus está movendo todas as coisas em direção ao Seu plano para nós.

Sabemos que isso foi real quanto ao patriarca José. Esse homem suportou décadas de sofrimentos infindáveis que pareciam sinalizar nada além de tragédias, até que finalmente, se cumpriu “a profecia a respeito dele” (Salmo 105:19). Até chegar a esse ponto, contudo, aconteceu de “tê-lo provado a palavra do Senhor” (mesmo versículo, itálicos meus).

Então - você pode dizer com José e com o apóstolo Paulo que “todas as cousas cooperam para o bem”? A sua alma está em repouso porque a providência de Deus de algum modo operou o plano dEle a seu favor?

Você crê que em alguma parte da sua dor – em seu sofrimento infindável, em sua perda de preciosos sonhos, esperanças e objetivos – Deus em todo o tempo lhe levou de certo modo a se aprofundar nEle? Que, em Seu incompreensível amor, Ele tem lhe direcionado a um galardão, a ser recebido nessa vida bem como pela eternidade?

O Senhor nos diz em Hebreus, “Você precisa crer que sou o teu recompensador, o teu galardoador”. E o autor desse livro exorta, “Tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa” (Hebreus 10:36).

Deus nunca promete mais em Sua palavra do que pode realizar. Isso é algo que Abraão captou desde o início de sua fé. Paulo diz o seguinte de Abraão: “(Abraão) não duvidou nem foi incrédulo em relação à promessa de Deus, mas foi fortalecido em sua fé e deu glória a Deus, estando plenamente convencido de que ele era poderoso para cumprir o que havia prometido” (Romanos 4:20-21, itálicos meus).

Pela fé, Abrãao “deu glória a Deus”.

Como Abraão, damos glória a Deus quando inteiramente abraçamos cada promessa dEle.

Quando tudo na vida está indo bem, é fácil testificar, “Deus pode tudo!”; facilmente podemos assegurar aos outros que Deus vai responder suas orações; podemos confiantemente declarar que o Senhor sempre cumpre a palavra.

Mas quando tudo ao nosso redor começa a conspirar contra o cumprimento das promessas de Deus – quando toda evidência física se parece mais com a ira do que com a recompensa de Deus – o Espírito Santo se levanta em nós com verdadeiras palavras de consolação:

“Fique firme. Confie nEle. Você não está separado do amor de Deus. Ele está agindo em cada momento desta situação. Portanto, não vacile nem titubeie. Pelo contrário, levante-se e combata o bom combate da fé”.

Eu lhe deixo com essa passagem poderosa do apóstolo Paulo. Ele nos lembra da fidelidade interminável de Deus em todas as circunstâncias, a cada momento de nosso luta:

“Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro.

Em todas estas cousas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as cousas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 8:35-39).

Amém!

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segunda-feira, setembro 05, 2011

Movendo a Tua Montanha

David Wilkerson

"E eles, passando pela manhã, viram que a figueira se tinha secado desde as raízes. E Pedro, lembrando-se, disse-lhe (a Jesus): Mestre, eis que a figueira, que tu amaldiçoaste, se secou. E Jesus, respondendo, disse-lhes: Tende fé em Deus."

"Porque em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que disser lhe será feito... todas as coisas que pedirdes, orando, crede que recebereis, e tê-las-eis" (Marcos 11:20-24, itálicos meus).

Esta passagem muito conhecida é amada pela igreja de Jesus Cristo. Enquanto eu a lia recentemente, Deus não deixou que eu passasse à frente sem examiná-la mais a fundo. Agora encontrei nela verdades espirituais poderosas que não tinha visto antes.

Jesus estava nos últimos dias do Seu ministério. Tinha acabado de limpar o templo expulsando os cambistas. Agora gastava tempo com Seus discípulos preparando-os para serem os pilares da futura igreja. Todavia à essa altura eles ainda tinham incredulidade, eram "lentos para crer", homens de pouca fé. Jesus os tinha desaprovado por sua incredulidade diversas vezes, dizendo, "Não podeis ver"? Ele via nos seus corações um obstáculo que tinha de ser removido, ou nunca chegariam às revelações necessárias para dirigir a igreja.

Quando passaram perto de uma figueira estéril, Jesus amaldiçoou-a: "(Ele) disse à figueira, Nunca mais coma alguém fruto de ti. E seus discípulos ouviram isso" (Marcos 11:14). Mais tarde, quando o grupo passou pela figueira outra vez, Pedro salientou, "Mestre, eis que a figueira que amaldiçoaste secou". Jesus reagiu ao que Pedro falou de forma surpreendente. Sem oferecer uma resposta, Ele simplesmente disse, "Tenha fé em Deus".

Sabemos pela reação de Jesus que a mensagem a seguir seria toda sobre a fé

A figueira seca foi outro dos sermãos ilustrativos de Cristo. O que representava esta planta seca? Significava rejeição de Deus ao velho sistema religioso de Israel que era pelas obras. Todo esse sistema buscava ganhar a salvação e o favor de Deus por esforço humano e força de vontade.

Algo novo estava para nascer em Israel: uma igreja na qual o povo de Deus viveria totalmente pela fé. A salvação e a vida eterna viriam unicamente pela fé; de fato, andar diariamente com o Senhor seria uma questão de fé. Até este ponto, o povo de Deus nada sabia sobre viver pela fé. Sua religião tinha sido toda sobre desempenho: aparecer nos cultos de adoração, ler a Torá, cumprir uma lista extensa de regras. Agora Jesus estava dizendo, "Esse sistema velho está acabado, seguindo para juízo". Um novo dia clareava: a igreja da fé estava nascendo.

A verdade é que desde o início Deus havia buscado um povo que vivesse diante dEle sem temor. Ele queria que Seus filhos tivessem descanso em corpo, alma e espírito por confiarem plenamente nas Suas promessas. Deus chama isto "entrar no Meu descanso". Assim levou Seu povo a um deserto de desolação, sem água, alimento ou meio de subsistência, dando-lhes apenas a promessa de que os guardaria. Sua mensagem a Israel era simplesmente, "Tende fé em Mim". Chamou-os a depositar toda confiança nEle para fazer o impossível por eles.

Mas de acordo com o autor de Hebreus, o povo de Deus naquela época nunca entrou no Seu descanso, porque não confiaram em Suas promessas. Nós então somos advertidos a tomarmos cuidado - para que não aconteça de perdermos o entrar no descanso de Deus por causa da incredulidade.

A "montanha" diante do povo de Deus foi, é e sempre será a incredulidade

Na passagem sobre a figueira, Jesus se refere a uma montanha sem nome: "Se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele" (Marcos 11:23).

Nós não sabemos à qual montanha Jesus estava se referindo aqui. Os eruditos têm dado à montanha todo tipo de nomes: a montanha do pecado que assedia, da pobreza, da doença, do temor, do desânimo. Na realidade, todas estas coisas são geradas pela incredulidade. Jesus estava dizendo aos discípulos, assim como a nós nos dias de hoje: "A incredulidade é como uma montanha de obstáculos que não sai de seus corações. Tem que ser expulsa, ou não poderei operar em vocês ".

O fato é que Jesus ficou impossibilitado de fazer milagres em certa cidade por causa da incredulidade do povo: "E não fez ali muitas maravilhas, por causa da incredulidade deles" (Mateus 13:58). A mesma verdade se aplica à igreja de Cristo nos dias de hoje: onde há incredulidade, Ele não pode operar. A incredulidade é sempre a montanha que impede a plenitude da revelação e da bênção de Deus. Jesus está dizendo, em essência: "Não posso operar nenhuma grande obra por você — não posso fazer o impossível em sua situação de vida — enquanto uma montanha de incredulidade se mantiver diante de si".

As escrituras deixam claro que Deus não trata a incredulidade com brandura

O Novo Testamento dá um exemplo disto na história de Zacarias. Em Lucas 1, Deus prometeu o milagre de um filho ao envelhecido sacerdote, um filho que seria o precursor do Messias. Zacarias era um servo consagrado e fiel, e havia orado a vida inteira pela chegada do Messias. Aliás, quando recebeu esta notícia estava queimando incenso no templo. O anjo Gabriel apareceu a ele dizendo, "Tua oração foi ouvida, Zacarias. Terás um filho, e o chamarás João".

Zacarias sabia que ele e a esposa já estavam bem passados da idade de conceber filhos. Imagine seu dilema: a seus olhos, essa era uma promessa muito grande. Ele deve ter pensado: "Como pode ser? Minha esposa e eu estamos com avançada idade". Para ele, isto era uma montanha de incredulidade.

Porém, Deus não desculpou a falta de fé de Zacarias. Ele não teve piedade por sua idade nem levou em conta seu piedoso serviço do passado. O fato é que Deus não iria subestimar a incredulidade desse dedicado servo. Pelo contrário, o anjo Gabriel disse a Zacarias, "Todavia ficarás mudo e não poderás falar até ao dia em que estas coisas aconteçam, porquanto não creste nas minhas palavras, que a seu tempo se hão de cumprir" (Lucas 1:20).

Que castigo doloroso. O filho de Zacarias seria o arauto da vinda do Messias, mas o próprio sacerdote não poderia celebrar as novas até o término da gravidez de sua esposa.

O rei Asa é outro exemplo de um servo fiel cuja incredulidade não escapou ao desagrado de Deus. Reinando com justiça em Judá, Asa erradicou a idolatria derrubando os templos pagãos e trazendo avivamento à região. Aí, enquanto o povo desfrutava das bênçãos de Deus, houve invasão por parte de um exército de um milhão de etíopes. Guerrear tal exército era impossibilidade total para Judá. Assim Asa buscou ao Senhor e convocou o povo a orar.

Ainda contra probabilidades impossíveis, o exército de Asa obteve grande vitória sobre os invasores. Foi um dos maiores milagres de fé na história do povo de Deus. Os eruditos dizem que esta vitória deve ter sido comentada em todo o mundo conhecido daquela época.

Quando regressava para casa depois da vitória, Asa foi interceptado por um profeta. Este homem não veio felicitar Asa, mas fazer-lhe uma advertência. Ele disse ao rei, "Enquanto dependeres do Senhor, confiando plenamente nEle, serás abençoado. Ele caminhará contigo e te dará vitória após vitória. Mas se te afastares dEle, confiando em tua carne, terás desordem e caos em todas as áreas".

Asa gravou esta mensagem no coração, e caminhou fielmente com o Senhor por trinta e seis anos. Durante esse tempo, Judá foi grandemente abençoada por Deus. Foi um período maravilhoso e glorioso para se viver naquela terra. Então, após todos esses anos, uma outra crise surgiu. O rei ímpio que governava Israel (que tinha se separado de Judá) lançou um ataque contra Asa. Ele capturou Ramá, cidade que ficava a poucos quilômetros da capital de Judá, Jerusalém, cortando assim a rota principal dos negócios da cidade. Se algo não acontecesse logo, toda a economia de Judá entraria em colapso.

Desta vez, o rei Asa agiu com medo. No lugar de confiar no Senhor, buscou a ajuda de um dos seus mais notórios inimigos, o rei da Síria. De forma inacreditável, Asa esvaziou dos cofres de Judá todas as suas riquezas e ofereceu aos sírios para que livrassem Judá. Foi um ato de absoluta incredulidade.

Diz-se que a parte mais difícil da fé é a última meia hora. O fato é que Deus já tinha posto em ação Seu plano de livrar Judá. Mas Asa frustrou esse plano atuando com medo e pânico. Agora um profeta vem até Asa dizendo, "Porque não confiaste no Senhor, de agora em diante terás guerras". E foi o que se sucedeu em Judá. Agir com incredulidade sempre traz desordem e caos totais.

Jesus diz que é possível movermos a montanha que temos à nossa frente

Os obstáculos montanhosos de incredulidade em nossos corações podem verdadeiramente ser lançados fora, porém só pela fé. "Se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele" (Marcos 11:23).

Aqui Jesus está dizendo qual é a nossa parte, e que gloriosa promessa Ele faz: qualquer coisa que desejarmos, quando oramos, deveremos crer que iremos recebê-la - e a teremos. Você acredita nisso?

Em meus anos de ministério, tenho visto que poucos cristãos crêem que tal operação sobrenatural possa ocorrer. De fato, o que se diz é "Eu tentei, mas não funcionou comigo. Orei com fé e cri. Mas minha oração não foi respondida".

Lembro-me de um jovem pastor que veio confessar seu vício pela pornografia. Este jovem ama a Deus, ama sua esposa, e desfrutam de bom casamento. Mas ele foi fisgado pela pornografia e não estava sendo capaz de livrar-se dela. Agora isso começava a roubar-lhe toda força espiritual. Ele tinha orado fervorosamente, mas não havia sido liberto.

Enquanto eu explorava o assunto mais a fundo com ele, me contou algo de seus anos passados. Quando jovem, ele recebeu maravilhosa promessa do Senhor para sua vida. Mas essa promessa nunca havia sido cumprida. O pastor me disse, "Deus me desapontou. Ele me fez uma promessa, mas nunca aconteceu". Ele tinha amargura contra o Senhor por causa disso. Agora, não conseguia se colocar diante de Deus com fé para qualquer tipo de libertação.

O problema deste jovem não era tão somente um vício - mas a incredulidade. Ele não aceitava que Deus responde as orações. E agora a incredulidade permanecia diante dele como uma montanha que se agigantava impassível e irremovível. Estava impedindo a plenitude que é dele em Cristo.

Minha esposa, Gwen, e eu estivemos conversando com outro casal que está em ministério. Por muito tempo, este amado casal havia suportado problemas financeiros e carregado pesadas cargas concernentes aos filhos. As coisas pareciam tornar-se cada vez mais obscuras. A esposa nos confessou:

"Às vezes creio que tenho direito à incredulidade. Tenho feito tudo de acordo com a palavra de Deus, mas nossa família continua a sofrer. Tenho orado, tenho me agarrado às promessas de Deus, tenho sido fiel para obedecer-Lhe em todas as coisas. Mas toda a minha oração tem sido em vão. Não creio que Ele esteja agindo por nós, porque não vejo nenhuma evidência disto".

Desde que tivemos estas duas conversas, Deus tem atuado de maneira maravilhosa em ambos - tanto com o jovem pastor quanto com o casal em ministério. Eles atravessaram suas tormentas e emergiram em uma posição maravilhosa de fé no Senhor. Porém eles representam muitos crentes que lutam intensamente devido à incredulidade.

Alguns cristãos atuam com fé durante anos, porém quando vem "a maior crise de todas" eles cedem à incredulidade

Mesmo para estes crentes consagrados, a montanha da incredulidade não foi totalmente removida. O quanto Deus é entristecido ao ver uma crise esmagadora apagando uma história inteira de testemunhos sobre Seu poder milagroso. Enquanto medito sobre o que Jesus diz sobre a montanha da incredulidade, ouço o Espírito Santo sussurrando ao meu ouvido:

"David, você não tem idéia de quão dolorosa e penosa a incredulidade é para o coração de Deus. Você não imagina o quanto Seus filhos têm desconfiado dEle por tantos séculos. Deus anseia por pessoas que creiam na Sua fidelidade para com elas nos tempos de crise. Ele diz que é tocado pelos sentimentos de suas enfermidades."

"Através dos séculos, Seu povo tem experimentado maravilhosos milagres e livramentos. Tem testificado que nada é impossível para o Senhor. Mesmo assim quando a 'mãe de todas as crises' vem, seu falar repentinamente está cheio de desespero. Suas palavras ferem mais a Deus do que as do incrédulo. Ele não trata a incredulidades de Seus filhos com brandura."

Isto é o que aconteceu com Pedro. Sua fé audaz permitiu que ele caminhasse sobre as águas para chegar até Jesus no mar. Mas quando Pedro viu as ondas se levantando ao redor, começou a afundar. Subitamente o discípulo intrépido entrou em pânico e gritou, "Senhor, salva-me!".

Jesus segurou Pedro, dizendo, "Homem de pequena fé, por que duvidaste?" (Mateus 14:31). Não se equivoque: Cristo não estava piscando ou mostrando um sorriso nos lábios quando falou estas palavras a Pedro. Jesus foi afligido pela incredulidade de Seu amigo tão próximo. Ele estava reivindicando, "Por que duvidaste de mim, Pedro? Não sou o Senhor Todo-Poderoso?".

Como Pedro, podemos caminhar na fé por muitos anos até que venha uma crise que nos faça fixar os olhos em nossa situação. E quando as coisas pioram, o pânico se apodera de nós e achamos que vamos afundar. Porém por todo esse tempo, Deus está ao nosso alcance.

Pedi ao Espírito Santo para me mostrar como mover alguma montanha de incredulidade de minha vida, orando, "Senhor, como posso arrancar de meu coração esta montanha? Como livrar minha alma de tudo que retarda Teu poder operador de milagres?". Ele me sussurrou, "Se você quer autoridade sobre toda dúvida ou medo, há um lugar onde você terá de ir".

A resposta se encontra apenas em um lugar: Getsêmani

Getsêmani foi o jardim onde Jesus foi orar quando a provação se tornou esmagadora e Seu cálice transbordava. Foi onde chorou as dores mais profundas diante do Pai. Foi também onde ganhou a batalha sobre todo principado e potestade do mal. Getsêmani é onde todas as montanhas devem obedecer à Sua Palavra.

Alguns cristãos de hoje estão dizendo, "Nós não somos uma geração de lágrimas. Fomos chamados a celebrar. E nos foi ordenado aceitarmos tudo pela fé. Só necessitamos citar a Palavra, e dizer à nossa montanha, 'Vai!'. Não há necessidade de lágrimas nem de chorar com um coração despedaçado. Podemos simplesmente meditar na bondade de Deus".

Esta é a postura da próspera igreja moderna. Nada querem sacrificar em oração intercessória com pranto. Concordo que nosso Deus é um Deus de amor, e sim, devemos celebrar diante dEle. Porém chega a hora em que nossas provações são tão devastadoras que não podemos fazer outra coisa senão chorar diante do Senhor.

Isso aconteceu a Jesus. No entanto Cristo nunca pecou em incredulidade quando orou no Getsêmani. Pelo contrário, Ele estava mostrando ao Seu povo como obter poder e autoridade sobre todas as forças satânicas. Pense nisto: quando os discípulos tentaram expulsar demônios estes espíritos do inferno riram deles. Apenas quando Jesus entrou em cena os demônios fugiram. A única autoridade que eles reconhecem é a de um coração contrito e de espírito quebrantado.

Agora veja as orações de Jesus no Getsêmani:

  • "A minha alma está profundamente triste até a morte." (Mateus 26:38). Esta declaração diz basicamente, "Isto vai além do meu entendimento. E se continuar, me matará".
  • "Meu Pai: Se possível, passe de mim esse cálice!" (26:39). Você já orou alguma vez com tal agonia, com lágrimas quentes banhando seu rosto?

No Getsêmani, encontramos Jesus em uma sucessão de agonias espirituais. É uma passagem cheia de lágrimas, súplicas, intercessões, orações, prostrações. Mas cada um é um episódio espiritual que nos leva por fim a um estado de revelação incrível.

Sabemos que como seguidores de Jesus vamos experimentar as mesmas coisas que Ele. E Ele é nosso exemplo nesses tempos de crise. Quando esses tempos chegam, devemos orar como Ele: com fé, sabendo que Deus recolhe todas as nossas lágrimas. Assim como Ele, devemos orar para sermos libertos de nosso cálice de dor. E devemos rogar e pedir a Deus que nos mostre uma saída.

Claro, este não será um modo de vida, não é uma experiência diária no nosso caminhar com o Senhor. Antes, é um encontro com Ele, uma confrontação quando chegamos ao final de algo. Naquele momento, deixamos de olhar as circunstâncias e começamos a derramar nossa alma diante do Senhor. E em meio a isto nós cremos, assim como Jesus creu, que Deus nos ama e vai revelar algo maravilhoso através de nossa provação.

Jesus fez uma "oração de ruptura das forças inimigas" no Getsêmani

Penso na oração de ruptura das forças inimigas que Jesus fez como sendo a "oração final". Ao dizer final, quero dizer a última de uma série. Pense nisto: à esta altura tudo tinha sido tentado. Então vem a oração definitiva ou final, aquela que moveria montanhas e sacudiria o inferno. É simplesmente esta: "Todavia não seja como Eu quero, e, sim, como Tu queres" (Mateus 26:39, itálicos meus).

Jesus se levanta depois de rogar e diz, em essência, "Tenho chorado, pranteado, jejuado, feito de tudo. Agora Pai, descarrego minha alma a Ti, em total confiança. Seja feita a Tua vontade".

Você já fez esta "oração final" em alguma situação? "Senhor, tenho orado, jejuado e intercedido nesse assunto. Tenho pedido, batido à porta, buscado e crido. Mas o que está sucedendo agora não é o que eu quero. De fato, não creio que eu possa resolver isso. Porém Tu és o Deus Todo-Poderoso, e eu entrego tudo em Tuas mãos. Agora, Pai, faz o que Tu quiseres fazer, quando Tu decidires fazer. Eu descanso em Tuas promessas para comigo".

Este é o descanso que resta para o povo de Deus nos dias de hoje, esse descanso ao qual se refere o livro de Hebreus. Trata-se de entrar na bendita promessa da Nova Aliança, na qual Deus nos declara "Serei Pai para ti, e tu serás Meu filho".

Amado, enquanto você não fizer esta oração final, não poderá remover sua montanha. Mas quando a fizer, Deus abrirá seus olhos a algo surpreendente. Você não mais deixará passar a resposta das suas orações deixando de notá-la quando ela chegar. De fato, muitos crentes não vêem as respostas quando estão bem à sua frente.

Conheço uma mãe que jejuou e orou por um filho envolvido em drogas e roubos. Com o tempo o jovem havia se tornado endurecido. Sua mãe orou "Oh, Senhor, faz o que tenhas de fazer para alcançá-lo". Ela ficou horrorizada quando o filho recebeu sentença de encarceramento por muitos anos. Porém foi ali onde ele se encontrou com Cristo, e hoje está ativo na igreja do presídio. O que a princípio parecia horrível foi o início da resposta dela.

Há alguns anos atrás meu filho caçula Greg veio a mim com lágrimas de quebrantamento. Foi um encontro que jamais esquecerei. Greg descreveu para mim o chamamento que tinha recebido em favor dos jovens. Ele temia que toda uma geração estava sendo perdida. Suas lágrimas me comoveram tanto que fiquei desnorteado. O que eu pude fazer foi orar com ele, "Senhor, faça o que for necessário. Responda a oração de meu filho".

Pouco depois disso, Greg entrou na maior provação da sua vida. Ele suportou quatro anos de uma dor incrível e excruciante. Sua força física, e como resultado, sua fé foram testadas até o limite extremo. Ele passou anos combatendo o desespero porque Deus não o havia livrado de sua contínua dor.

Agora, nos últimos meses, Deus está retirando meu filho da provação de uma maneira gloriosa. Greg me ligou a semana passada para dizer, "Papai, obrigado por não ter desistido de mim durante esses anos". Eu lhe disse que nunca havia duvidado que Deus estivesse trabalhando nele.

Tem você orado por um caminhar mais próximo de Jesus? Orado por mais paciência, mais fidelidade? Amado santo, Deus entrou em ação no momento em que você orou. Talvez as aflições tenham vindo rapidamente depois das orações, juntamente com rejeições e tempos difíceis - coisas que você chegou a menosprezar. Porém o tempo todo era Deus operando, trazendo sua resposta.

Insisto com você, faça a oração final com fé. Logo o Senhor vai revelar que isso que você tem enfrentado é a exata resposta às suas orações. Aleluia!

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