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terça-feira, novembro 14, 2006

O Toque de Deus - O Toque Humano

Por David Wilkerson

Quando o Senhor toca alguém, essa pessoa é levada a se ajoelhar. Ela então se torna íntima de Cristo; e a partir dessa intimidade, recebe nova revelação dos céus. Ela fica ansiosa para trazer ao Espírito Santo aqueles pecados que a assediam, para os mortificar; a sua alma é renovada, e ela entra num lugar de repouso. E começa a ministrar a Cristo com paixão renovada, e amor maior.

Mais do que tudo, esse servo a cada dia se torna mais consciente do dia do Juízo que se aproxima. Ele sabe que terá de se pôr diante do trono de Deus e responder a uma grande pergunta: "Como você retratou Cristo a um mundo perdido?". Na verdade, nós todos temos de enfrentar essa pergunta no julgamento: "Como você testemunhou Cristo aos ímpios? Como você O revelou por meio de sua vida e conduta? Como a sua vida O representou?".

Esse é o único critério de como seremos julgados naquele dia. Não importa se nos trancamos com Deus como Moisés, se recebemos grandes revelações como Daniel, se fomos santificados como Paulo, ou se pregamos com ousadia como Pedro. Todos serão julgados por esse único padrão: como as nossas vidas expressaram quem é Jesus, e como Ele é?

O Espírito Santo estabeleceu esse padrão de julgamento após o Pentecostes, ao Cristo estabelecer a Sua igreja. Roma estava no poder na época. O espírito desse império era de orgulho, arrogância e materialismo. Roma afastava-se dos oprimidos, incluindo viúvas, órfãos e os pobres. Do Eufrates ao Atlântico, grandes monumentos comemoravam as vitórias militares de Roma; palácios eram construídos para os heróis de guerra do império. Mas em nenhum lugar havia um espaço ou instituição para os pobres ou desabrigados. Nada em todo o império indicava qualquer preocupação com os pobres.

O espírito de orgulho e de cobiça também permeava o espaço judaico. Os líderes religiosos de Israel se inclinavam para a aquisição de riquezas e de propriedades. Os fariseus usavam de artimanhas legais para roubar casas das viúvas. Enquanto isso, os órfãos eram abandonados, e os desabrigados sofriam ofensas. Os trabalhadores das classes inferiores eram sabotados nos salários. Diziam-lhes que mereciam ser pobres, que Deus os estava cobrando por seus pecados. Por todo Israel, a atitude prevalente era: "Cada um por si". Vivia-se para acumular, monopolizar recursos; se desejava mais e mais - e nunca se tinha o que satisfizesse.

Em meio a essa sociedade ambiciosa, egoísta e materialista, Cristo derramou do seu Espírito sobre um remanescente santo. De repente, ventos poderosos sopraram, prédios tremeram, e um fogo sobrenatural apareceu. Cristãos iletrados começaram a falar fluentemente em línguas que nunca haviam aprendido. E os apóstolos de Jesus pregavam o evangelho com poder de convencimento. Nos dias que se seguiram, a igreja adorava, louvava e se movia com poder sobrenatural: (Atos 2:41-43) "Os que lhe aceitaram a palavra foram batizados... E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos".

A população de Jerusalém ficou assombrada com o que via. E perguntavam: "O quê significa tudo isso?". Era o Espírito Santo capacitando o povo de Deus a testemunhar Cristo ao mundo. Esses crentes agora eram epístolas vivas. O poder divino os capacitava a viver de um jeito que lhes permitia se gabar dizendo: "É assim que Jesus é. As nossas vidas são um testemunho da natureza e do amor de Deus".

Você pode se perguntar: quem eram esses observadores, sobre os quais as escrituras dizem: (Atos 2:7) "estavam... atônitos e se admiravam" diante dos acontecimentos milagrosos? Quem eram os estrangeiros que diziam uns aos outros: (2:7,8) "Vede! Não são, porventura, galileus todos esses que aí estão falando? E como os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna?".

O versículo seguinte responde a essa pergunta: (Atos 2:9-11) "Somos partos, medos, elamitas e os naturais da Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia, da Frígia, da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia, nas imediações de Cirene, e romanos que aqui residem, tanto judeus como prosélitos, cretenses e arábios. Todos os ouvimos falar em nossas próprias línguas das grandezas de Deus".

As pessoas que testemunharam esses acontecimentos eram visitantes a Jerusalém, mercadores, comerciantes, viajantes. Certamente o que diriam iria se espalhar para o resto do mundo. Mas como esses passantes iriam descrever o que testemunharam? Será que iriam se concentrar nas línguas, nos sinais e maravilhas, no vento e no fogo do céu?

Nenhuma destas coisas seria o centro da questão. Não foi esse o testemunho que o Espírito Santo veio trazer. Todas estas maravilhas eram simples manifestações, produzidas para a edificação e cura dos crentes. Então, qual seria o testemunho de Cristo?

O Verdadeiro Testemunho do Pentecostes
É Um dos Aspectos Mais Negligenciados

do Derramamento do Espírito

A maioria dos sermões sobre o Pentecostes se concentra nos sinais e maravilhas realizados pelos apóstolos. Ou, enfatizam os 3.000 que foram salvos em um dia, ou as línguas como de fogo aparecendo. Mas não ouvimos sobre um evento que se tornou a maior maravilha de todas. Esse aspecto enviou multidões de pessoas de volta aos seus países com uma impressão vívida e inequívoca de quem Jesus é.

Você ouviu dos sinais e maravilhas. Quero lhe falar sobre os "sinais maravilhosos" desta história. Da noite para o dia, milhares de anúncios de "Vende-se" apareceram na frente de casas por toda Jerusalém e arredores. As escrituras dizem: (Atos 2:44-45; 4:34-35) "Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade... Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade".

Dá para você imaginar a cena em Jerusalém? Multidões de casas, terrenos e fazendas de repente estavam sendo vendidas. Bens igualmente sendo vendidos: móveis, roupas, artesanato, vasos e panelas, obras de arte, etc. Nas ruas, nos mercados, em todas as portas da cidade, centenas de placas dizendo "Vendem-se Mercadorias". Deve ter sido a maior venda particular da história de Jerusalém.

Anote isso: não há evidências nas escrituras de que as casas sendo vendidas eram as habitações onde efetivamente moravam os proprietários. E inexiste menção quanto à vivência em comum. Se isso houvesse acontecido, teria trazido uma carga insustentável para a igreja. Ainda mais, a propriedade e as possessões que estes cristãos vendiam não eram de primeira necessidade ou heranças. A palavra de Deus claramente os ordenava a prover para suas próprias famílias e filhos. Eles também tinham de cuidar de todas as viúvas da família até os sessenta anos. Os crentes não poderiam ter cumprido esses mandamentos se não tivessem suas próprias casas. Além disso, lemos que iam às casas dos outros em comunhão, e "partiam pão de casa em casa" (Atos 2:46). Fica claro que estas pessoas ainda possuíam suas casas.

Não - as possessões que vendiam eram coisas que eles tinham acima e além de suas necessidades, coisas não essenciais à sua sobrevivência. Em alguns casos, elas provavelmente tinham se tornado como fortalezas dentro do coração dos proprietários. Então os bens foram vendidos, transformados em dinheiro, e doados para sustentar as viúvas, os órfãos e os desamparados da igreja.

Eis o testemunho que se propagou de Jerusalém - é a mensagem que o Espírito de Deus queria espalhar por todo o mundo: Somente o poder de Deus poderia romper o espírito de materialismo que asfixiava Israel há séculos.

Pense no poder que foi necessário para agitar e despertar um povo autocentralizador e ambicioso, que por centenas de anos havia desprezado o pobre. Os estrangeiros que ouviram estes crentes falando em suas próprias línguas, agora viam-nos se desfazendo de materiais valiosos. E estas possessões não eram sucata. Elas obviamente estavam sendo vendidas como sacrifício. Mais uma vez, os observadores tinham de perguntar: "O quê está acontecendo? Por que está havendo tantas placas de 'Vende-se'? Será que essas pessoas estão sabendo de algo que nós não sabemos?".

Qualquer crente que estivesse ouvindo iria responder: "Não, somos seguidores de Jesus. Demos o coração para o Messias, e o Seu Espírito nos transformou. Agora estamos praticando as obras de Deus. Ele pregou aos pobres e se associou com leprosos; Ele ministrou a viúvas e cuidou dos órfãos. E nós recebemos uma palavra do Espírito Santo de que devemos fazer o mesmo. Estamos vendendo esses bens para levantar dinheiro para os pobres e necessitados. Essa é a obra de Jesus Cristo".

Imagine a conversa que teve lugar por toda a cidade. Nos cafés, sinagogas e mercados, um negociante pode ter dito ao outro: "Finalmente comprei aquele terreno que eu queria há anos. Todo esse tempo o dono tentou me enganar aumentando o preço. Ele é fariseu, e fiquei barganhando com ele por muito tempo. Bem, ele foi falar comigo ontem, e me deu um preço razoável...”.

"Eu perguntei o que lhe tinha feito mudar de idéia. Ele disse que agora é seguidor de Jesus; ele foi cheio do Espírito Santo, e não está mais viciado em adquirir coisas. Além disso, o dinheiro da venda iria para alimentar os pobres, assim como viúvas e órfãos".

Aqui estava o testemunho do Pentecostes. O mundo viu aqueles crentes cheios de poder amando uns aos outros, vendendo seus bens, dando aos necessitados. E era exatamente isso que o Santo Espírito queria deles. Ele desejava um testemunho vivo para o mundo quanto ao amor de Deus. Eles estavam proclamando o evangelho de Cristo através de seus atos.

O Livro de Atos Nos Mostra Exatamente
O Quanto Esse Testemunho é Sério

Você se lembra da história de Ananias e Safira. Eram crentes que caíram mortos na igreja porque desvirtuaram quem Jesus é. Eles tinham mentido para Pedro quanto à quantia que haviam recebido pela terra que venderam. Mas Pedro lhes disse que haviam mentido para o Espírito Santo. Em verdade, se um cristão mente para uma pessoa, é como se mentisse a Deus.

Qual foi exatamente a mentira deste casal? Foi a apropriação indébita de dinheiro destinado aos pobres. Eles devem ter testificado ao comprador: "Tudo que você nos pagar é para a causa de Cristo. Vai tudo para as viúvas e os pobres". Mas retiveram parte do dinheiro para si.

No Dia do Juízo muitas pessoas serão cobradas por malversação daquilo que foi designado à caridade. Penso em organizações que coletaram centenas de milhões de dólares para as vítimas da tragédia de 11 de setembro, mas se apropriaram de muito disso para si. Eu também penso nos ministros que levantaram dinheiro para as mesmas viúvas e órfãos, mas que usaram mal isso. Quero dizer o seguinte - eles não precisam temer o Imposto de Renda - eles precisam temer o Deus Todo-poderoso, que registra nos livros até o último centavo.

Esta é a mensagem por trás da história de Ananias e Safira: não toque no que pertence aos pobres e necessitados. Deus não irá ficar parado vendo o Seu Filho mal representado diante do mundo, por aqueles que a si mesmos se chamam pelo Seu nome.

(Todo muçulmano reconhece o quanto esse tipo de testemunho é sério. A pouco li sobre um teleton saudita que levantou dinheiro para os familiares de "mártires" palestinos [inclusive dos homens-bomba que atacaram Israel]. O teleton foi patrocinado pelo Estado, e o rei saudita doou os primeiros 2 milhões e 700 mil dólares. Uma princesa doou o seu Rolls Royce. Um homem ofereceu um dos seus rins. Uma mulher deu todo o seu dote de 17.000 dólares. Multidões foram à estação de TV para jogar dinheiro nas caixas que crianças em cadeiras de roda seguravam. Todos queriam provar que Alá ama os seus filhos.

No final, 155 milhões de dólares foram levantados durante o teleton saudita. Mas isso foi só o começo. O chamado chegou a todas as nações islâmicas, para que dessem em favor da reconstrução palestina. Veja, Satanás sabe onde está o testemunho eficiente. E ele sutilmente produz uma falsificação do seu próprio testemunho.)

Eu pergunto a você: como o Espírito Santo produziu essa súbita mudança de coração naqueles crentes recém batizados em Jerusalém? A transformação deles foi um milagre incrível. A resposta é: esses cristãos eram filhos da profecia de Malaquias. Malaquias é o último profeta do qual ouvimos no Velho Testamento. E Deus falou através dele dizendo: "Chegar-me-ei a vós outros para juízo; serei testemunha veloz contra os feiticeiros, e contra os adúlteros, e contra os que juram falsamente, e contra os que defraudam o salário do jornaleiro, e oprimem a viúva e o órfão" (Malaquias 3:5).

Agora nos adiantemos no tempo até a igreja em Jerusalém. Esses crentes iam de casa em casa em comunhão. "E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações" (Atos 2:42). Qual é a doutrina dos apóstolos mencionada aqui? Eram as palavras específicas de Cristo. Jesus havia instruído os discípulos: "O Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as cousas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito" (João 14:26).

Agora, preste muita atenção. Uma das últimas mensagens que Jesus transmitiu aos Seus discípulos antes da crucificação está contida em Mateus 25. Eu creio que o Espírito Santo agora trouxe essa específica mensagem à lembrança dos Seus seguidores. Em verdade, provavelmente foi Mateus que pregou essa mensagem de Cristo aos crentes recém batizados.

As palavras de Jesus foram avivadas em seus corações, e eles souberam que nunca mais poderiam viver do mesmo jeito. Subitamente, viram como é séria essa questão de verdadeiramente se representar Jesus. Levou-os a irem às suas casas para achar tudo de que não necessitavam, e aí levar essas coisas à rua para vendê-las. Simplificando, a palavra de Cristo em Mateus 25 deu a esses crentes uma nova atitude de amor e de preocupação pelos pobres. Como? Ela literalmente os colocou diante do trono do Juízo.

Essa mesma mensagem de Mateus 25 tem abalado a minha alma em sua profundeza. E está fazendo com que eu mude coisas em minha vida, e no meu ministério. Igualmente, se você clama pelo toque de Deus, e busca ter uma nova paixão por Jesus, então será levado a uma jornada pelo Espírito Santo. E em algum lugar desse roteiro, você acabará tendo de encarar e enfrentar Mateus 25. Não podemos mais pular por cima dessa Palavra - uma Palavra com tanto poder de estilhaçamento.

Atenção à Profecia de Jesus em Mateus 25

As palavras de Jesus aqui não são uma parábola, mas uma profecia. É o dia do Juízo, e todos nós estamos diante do trono: "Quando vier o Filho do homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas; e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos, à esquerda" (Mateus 25:31-33).

Há pessoas que dizem: "Isso é o julgamento das nações, não de pessoas". Bobagem. Não há nações ovelhas ou nações cabritos. Desafio qualquer pessoa a dizer o nome de uma nação ovelha, existente agora ou no passado. Fica claro que isso é um julgamento de toda a humanidade. E as ovelhas mencionadas aqui são julgadas por um critério:

"Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me" (Mateus 25:34-36).

Jesus elogia as ovelhas, dizendo, "Vocês me representaram corretamente. Vocês testemunharam ao mundo que Eu me identifico com os cativos do pecado e da pobreza. Vocês conheciam o meu coração, e deixaram que Eu expressasse a minha natureza e o meu amor através de vocês". Cristo não diz uma palavra quanto a nenhuma das outras boas obras ou realizações delas. Ele concentra tudo nesse único ponto.

Agora vem a palavra que me faz tremer. Jesus diz: "Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não fostes ver-me" (25:41-43).

Note que aqui Jesus não condena os cabritos por adultério, uso de drogas, pornografia, homossexualismo, ou outras iniqüidades grosseiras. Sim, todos esses pecados são malditos, e os que os praticam serão julgados por cada ato cometido na carne. Mas com Cristo, há um padrão de julgamento ainda mais alto.

Ao aplicar esse padrão à minha própria vida, pensei: "Não consigo me localizar nessa profecia. Quando será que fiz essas coisas que são ordenadas? Será que tenho negligenciado um ministério ativo junto aos famintos, desabrigados, viúvas, órfãos, aos presos, aos aflitos? Como eu trabalho com as palavras de Jesus aqui: "Em verdade vos digo que, sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer. E irão estes para o castigo eterno" (25:45-46)?.

Eu durante meses fiquei orando pelas viúvas, órfãos e pelos pobres. Recebemos cartas de excluídos sociais que não podem mais pagar a previdência, e não têm onde morar. Apelei a Deus: "Tu és o Senhor dos exércitos. Alimente-os. Atenda às suas necessidades". Finalmente, o Senhor me respondeu: "Você deve fazer mais do que orar por eles, David. Você pode fazer algo em favor disso. Você os alimente. Isto está dentro da sua capacidade de fazer".

Não se engane: ninguém pode ser salvo pelas boas obras apenas. Mas seremos julgados quanto a as termos feito. Contudo, a questão não é quantas pessoas necessitadas eu alimentei ou vesti. O ponto essencial é: "Será que eu professo Cristo como Senhor - e depois vivo só para mim? Será que eu mal-represento Jesus ao acumular coisas, e gastar tempo fazendo isso? Eu fecho os meus olhos às necessidades dos pobres e desamparados?".

O nosso testemunho a um mundo amaldiçoado pelo pecado tem de incluir tanto pregação quanto manifestação, tanto a Palavra quanto atos. A nossa proclamação de Cristo não pode estar divorciada do nosso trabalho assistencial. Como Tiago diz, tais obras ajudam a provar o poder do evangelho:

"Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e lhes não derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí?" (Tiago 2:14-16).

Multidões de cristãos respondem à profecia de Jesus de duas maneiras. Há aqueles do "evangelho leve", que dizem: "Deus não é assim tão duro. Tudo isso é pregação do fogo eterno. O meu Deus é muito amoroso para julgar desse jeito tão severo". E os do "evangelho pesado" dizem: "Isso é estrito e rigoroso demais; exige muito. Eu não posso aceitar uma palavra que provoque tanto desconforto. Eu nunca vou conseguir corresponder ao padrão dela".

E assim os dois evangelhos seguem seus próprios caminhos, justificados e indiferentes. Nós continuamos com nossas reuniões de oração, pedindo que Deus atenda os pobres; no Natal, distribuímos cestas às famílias necessitadas; e em outras ocasiões, a gente deixa escorregar umas moedinhas aos mendigos. Mas não possuímos um compromisso de tempo integral e de atitude para fazer como Jesus ordenou.

Muitos Irão Para o Julgamento Convencidos de Que São Ovelhas,
Mas Serão Separados Junto aos Cabritos

Tais pessoas irão gritar: "Mas Senhor, Senhor, tudo isso é uma surpresa. Nós cremos em Ti. Nós oramos, jejuamos, fomos à igreja. Somos Tuas ovelhas remidas". Por que tais serão separados com os cabritos?

O fato é o seguinte: se amamos o mundo e as suas coisas, não podemos ser de Deus: "Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele" (I João 2:15). Se cobiçamos - se somos avaros, querendo mais e mais coisas, não somos ovelhas dEle: "Nem ladrões, nem avarentos... herdarão o reino de Deus" (I Cor. 6:10).

No entanto, tais crentes serão cabritos não apenas pela cobiça por coisas, ou porque não ajudaram os necessitados. O Senhor dirá a eles: "Você é cabrito porque me representou mal ao mundo. Você fez com que os ímpios me identificassem com prosperidade, dinheiro, sucesso. Você enganou os pobres dizendo-lhes que Eu os queria tornar ricos. E disse aos enfermos que eles sofriam por falta de fé...”.

“... Eu te abençoei; derramei dos meus recursos sobre ti, porque te amava. Mas você não abriu os ouvidos para o choro dos necessitados em torno de si. Antes, você se engasgou com os seus bens. Se você fosse meu - se me amasse - você teria obedecido aos meus mandamentos".

Você pode dizer: "Irmão David, isso é duro demais. Deus não é assim".

Leia as palavras de Ezequiel: "Eis que esta foi a iniqüidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão e próspera tranqüilidade ("abundância de ociosidade")... mas nunca amparou o pobre e o necessitado" (Ezequiel 16:49). Quando Deus julgou Sodoma, Ele não mencionou o homossexualismo ou idolatria. O ponto era soberba, tranqüilidade e descaso do necessitado. Eles não se preocupavam com o pobre.

Amado, o Senhor não chamou para uma venda particular de coisas em Jerusalém: Ele estava atrás de algo no coração do Seu povo. Ele queria testemunhas que estivessem livres da servidão à coisas - para refletir o Seu coração a um mundo perdido. Deus não está atrás de nossas casas. Ele quer que despertemos, para vermos o quanto podemos ficar sufocados e engasgados com posses e propriedades.

Como podemos nós nos envolver com os necessitados? Isso é obra do Espírito Santo. Se você está sendo convencido através desta mensagem, vá a Ele. Ele o guiará diretamente às necessidades que Ele deseja que você atenda, à uma das áreas de ministério de "mãos ao trabalho" por amor. Isso não tem o objetivo de lhe colocar culpa ou condenação, mas de lhe ajudar a sondar seu coração à luz das palavras de Jesus.

O Senhor não espera que nenhum de nós faça tudo. Mas sei que Ele espera que estejamos pessoalmente comprometidos com um envolvimento de mãos à obra com pelo menos uma das áreas de necessidade. Você pode dizer que está pronto para se colocar diante de Cristo naquele dia, sabendo que está ajudando a alimentar ou vestir o pobre, visitando presos, abençoando ou visitando viúvas e órfãos?

O Espírito Santo não permitirá que eu escape dessa verdade com a qual me convence. E nem desculpará nenhum verdadeiro crente. Deus leva a sério o que diz. Mesmo os que estão isolados, os idosos ou enfermos - podem orar pelos desamparados. Podem escrever aos presos.

Onde houver desejo de obedecer a esse mandamento, o Espírito Santo mostrará o caminho. E quando nos envolvemos, Ele promete isso: "Se abrires a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita, então, a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia. O Senhor te guiará continuamente, fartará a tua alma até em lugares áridos e fortificará os teus ossos; serás como um jardim regado e como um manancial cujas águas jamais faltam" (Isaías 58:10-11).

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segunda-feira, novembro 13, 2006

O Toque de Deus – Moisés

Por David Wilkerson
8 de julho de 2002

Enquanto escrevo esta mensagem, outra bomba explodiu em Israel, matando catorze pessoas. Milhares de islâmicos têm se alinhado para se explodirem para a eternidade, só para molestar os israelitas. Contudo o Islamismo tem declarado guerra não só contra Israel, mas contra o Cristianismo. Os Estados Unidos agora vivem em temor absoluto. Tememos mais suicidas com bombas, guerra biológica, e até ataque nuclear. Uma mortalha funérea se mantém sobre a nação.

Onde está a igreja em meio a este caos? A maior parte da cristandade está mortificada. A igreja está cheia de atividades religiosas, em sua maioria da carne. A presença de Deus está sendo aflitivamente necessária durante esse tempo de crises.

Isso é trágico, pois o nosso Senhor sempre tem um remédio para um mundo em caos. É um remédio testado pelo tempo, e que Ele tem usado geração após geração, para despertar Sua igreja amortecida e desviada. Esse remédio não mudou desde a criação do mundo. É simplesmente esse: Deus levanta homens e mulheres escolhidos.

Em épocas como essa, o nosso Senhor usa indivíduos para responder a um mundo em crise. Ele toca Seus servos de modo sobrenatural. Primeiro, Ele os transforma. A seguir, os chama para uma vida de submissão total à Sua vontade. Tais servos tocados por Deus são melhor descritos no Salmo 65:4: "Bem-aventurado aquele a quem escolhes e aproximas de ti, para que assista nos teus átrios".

Em resumo, Deus chama esse servo à parte. Seu Espírito o persuade à comunhão íntima. E lá, diante da terrível presença do Senhor, ao servo é concedida a mente de Deus. Ele recebe um chamamento divino. Subitamente, sua vida é preenchida com sentido de urgência. Ele emerge desta comunhão com uma palavra dada por Deus. E começa a andar com autoridade espiritual.

A história bíblica revela esse padrão várias ocasiões. Vez após vez, o povo de Deus O rejeita e volta-se para os ídolos. Adota práticas pagãs, e cada geração se torna mais vil e corrupta que a anterior. Essa pecaminosidade entristece e zanga o Senhor. Então, como o povo foi restaurado? Em cada caso, Deus levantou um servo piedoso: um juíz, um profeta, um rei justo.

Samuel é um exemplo desses. Ele repreende Israel: "Esqueceram-se do Senhor, seu Deus; então, os entregou nas mãos de (seus inimigos)... E clamaram ao Senhor e disseram: Pecamos, pois deixamos o Senhor... O Senhor enviou a Jerubaal, e a Baraque, e a Jefté, e a Samuel; e vos livrou das mãos dos vossos inimigos em redor; e habitastes em segurança" (I Samuel 12:9-11).

Tais servos tocados por Deus tornaram-se instrumentos d'Ele para libertação. Eram capacitados para discernir os tempos. E porque conheciam o coração de Deus, o Senhor os usou como Seus oráculos. Eles declararam Sua palavra tanto para o Seu povo quanto para as nações em redor.

Não há como duvidar do toque de Deus sobre alguém que tenha sido escolhido e chamado. Tal pessoa se destaca dos outras. E então, por que o Senhor tocou esses servos em particular? Por que levantou Abraão, Moisés, Davi e alguns outros para trazer restauração ao Seu povo e às nações? Deus teria visto algo de especial neles?

Não, esses personagens não eram super-homens. Vidas falhas demonstram isso. E nem foram simplesmente predeterminados a fazer as coisas que fizeram. Toda pessoa tem livre arbítrio e vontade própria, escolhendo seguir ou rejeitar o chamado de Deus.

Veja Saul: escolhido por Deus, tocado por Sua mão, cheio com Seu Espírito. O Senhor tinha um plano maravilhoso para a vida dele. Deus pretendia estabelecer para Saul um trono "eterno". Contudo Saul abortou o chamado de Deus. A despeito da unção divina, ele se rebelou contra o Senhor. Seu destino não foi determinado simplesmente por sua eleição por parte de Deus.

Quando Deus escolhe alguém para ser posto à parte para uma obra especial e de redenção, Ele dá a esse servo dois chamamentos. E como o servo responde a esses chamamentos determina o poder e a intensidade do toque de Deus em sua vida. Primeiro, há o chamado para "subir". A seguir, há o chamado para "sair". A vida de Moisés exemplifica estes dois chamados.

1. Deus Nos Chama Para Subir

Este chamado nos intima a sair dos negócios desta vida, e a entrar numa desimpedida perseguição da presença de Deus. Veja a experiência de Moisés. Quando ele se tornou líder de Israel, subitamente se tornou um homem muito ocupado. Nenhuma igreja na história jamais foi tão grande ou tão necessitada - um povo de Deus arrolado em milhões. A vida de Moisés rapidamente se tornou agitada, ao julgar e ministrar ao povo da manhã à noite.

Finalmente, o sogro de Moisés, Jetro, interveio. Ele avisa que assim Moisés iria se desgastar e desgastar o povo. Jetro aconselhou: "Representa o povo perante Deus... põe (homens dentre o povo) para que julguem este povo em todo tempo... será assim mais fácil para ti, e eles levarão a carga contigo" (Êxodo 18:19-22). Jetro em outras palavras estava dizendo o seguinte: "Você é o pastor, Moisés. Você precisa ficar a sós com Deus. Indique outros para a função de arbitrar e aconselhar. Então, tranque-se com Deus. Busque Sua presença, receba a Sua mente, receba a Sua palavra. Essa deve ser a sua prioridade máxima".

Moisés acatou esse sábio conselho. Indicou outros para agirem como juízes e conselheiros. E se determinou a aceitar o chamado de Deus para "subir". As escrituras dizem: "Subiu Moisés a Deus" (19:3). "Descendo o Senhor para o cume do monte Sinai, chamou o Senhor a Moisés para o cimo do monte. Moisés subiu" (Êxodo 19:20).

Moisés prezava a presença de Deus em sua vida. E isso determinou a intensidade do toque de Deus nela. Note como o Senhor deixou Moisés afastado dos outros israelitas, para se aproximar dEle: "O povo estava de longe, em pé; Moisés, porém, se chegou à nuvem escura onde Deus estava" (20:21).

Moisés representa o homem abençoado referido por Davi: "Bem-aventurado aquele a quem escolhes e aproximas de ti, para que assista nos teus átrios" (Salmo 65:4). A palavra "aproximas" aqui quer dizer "moves" (para Ti) - ato de Deus em que insiste: "sobes".

Muitos cristãos experimentaram esse chamado, essa insistência divina para que mantenham comunhão com o Senhor. O Espírito Santo os chama ao monte da intimidade com freqüência, dizendo: "Desejo te mudar, te dar maior unção. Quero te levar mais para dentro de Mim, que te expandas mais em Mim. Quero revelar os Meus caminhos, como nunca fiz antes".

Contudo, nem todos que são chamados respondem. Como resultado, Deus não os toca com Seu fogo e Sua unção. No início podem responder: "Senhor, não Te desapontarei. Continuamente buscarei a Tua face". E durante um período, eles se trancam em oração. Mas não dispõem o coração para irem em oração até o fim. Depois de algum tempo, ignoram a voz de Deus, e seguem seus próprios caminhos. Pegam um atalho para subir onde Ele está.

A Maioria dos Chamados e Escolhidos
Páram na Metade da Subida ao Monte

Meio do caminho é onde muitos crentes acabam. A Bíblia diz: "Disse... Deus a Moisés: Sobe ao Senhor, tu, e Arão, e Nadabe, e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel; e adorai de longe. Só Moisés chegará ao Senhor; os outros não se chegarão, nem o povo subirá com ele" (Êxodo 24:1-2).

Deus havia escolhido um grupo de homens que Ele queria tocar. Ele tinha planos maravilhosos para esses homens, especialmente para Arão e seus filhos. Eles deveriam ser os líderes sacerdotais de Israel. O Senhor diz a Moisés: "Consagrarei a tenda da congregação e o altar; também santificarei Arão e seus filhos, para que me oficiem como sacerdotes" (29:44). Igualmente, o Senhor diz aos anciãos: "Vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa" (19:6).

Então, por que Deus diz diretamente a estes homens "Me adorem de longe. Não se aproximem de Mim; só Moisés subirá até Mim no topo da montanha" (v. 24:1-2)? A verdade é que Deus sabia dos pecados que fermentavam no coração desses homens; e era preciso tratar disso. Ele queria tocar suas vidas. Mas não poderia fazê-lo enquanto estivessem escondendo pecado.

Então, Deus só permitiu que chegassem até à metade da subida ao monte. Contudo, mesmo assim, Ele apareceu a eles de modo sobrenatural, como uma nuvem de escuridão: "E viram o Deus de Israel, sob cujos pés havia uma como pavimentação de pedras de safira, que se parecia com o céu na sua claridade" (24:10). Tais homens agora na incrível e revelatória presença de Deus; até comeram e beberam lá, numa mesa em Sua presença. Mas ainda estavam "longe" dEle.

Os anciãos de Israel estavam sendo expostos à absoluta e perturbadora santidade de Deus. É como se Ele estivesse dizendo: "O pecado prendeu seus corações. E isso os impede de receber a plena revelação que desejo lhes dar. Um pecado que os assedia está lhes roubando a comunhão íntima comigo. Vocês não poderão ser íntimos Meus, enquanto tiverem pecado oculto".

Tente visualizar esses homens ao ouvirem essa palavra:

* Arão tinha ouvido de Deus: "Vou lhe santificar como sumo-sacerdote. Lhe vestirei de púrpura e de ouro; e lhe porei diante de Israel como exemplo". Porém o coração de Arão estava manchado por inveja de Moisés. Também tinha um traço de personalidade sensual, e temia aos homens mais do que a Deus.

* Deus havia dito a Nadabe e a Abiú que lhes revelaria a Sua santidade. Porém estes dois homens estavam endurecidos no vício do adultério. Não tinham um grama do temor de Deus. Agora o Senhor está lhes dizendo: "Sou um Deus de misericórdia. O Meu desejo é que ao entrarem na Minha presença, vocês se permitam ser quebrados".

* Deus havia dito aos setenta anciãos que desejava exaltá-los diante do mundo. Porém estes mesmos homens recusavam-se a estar sob qualquer autoridade. Consideravam-se tão dotados e santos quanto Moisés. (Isso seria mais tarde manifesto num levante rebelde.) Mas Deus estava insistindo em levá-los à Sua presença. Ele queria tratar com seu orgulho mortal.

Deus Estava Avisando Estes Escolhidos,
Dando-Lhes um Chamado Misericordioso

Deus desejava tanto usar estes homens. Queria que fossem quebrados, para que pudesse levá-los mais para o alto. Então lhes fez um incrível chamamento de misericórdia, para subirem.

Saul recebeu o mesmo tipo de chamado de misericórdia. O coração deste homem estava preso por fortalezas demoníacas. Ele havia marchado a Ramá buscando matar Davi. Mas o Espírito Santo moveu-Se sobre Saul. A noite toda, o rei ficou prostrado na presença de Deus, ferido. Porém nem mesmo essa intervenção misericordiosa e sobrenatural mudou o coração de Saul.

Agora os líderes de Israel estavam numa encruzilhada semelhante. Eles estavam a meio caminho da subida ao monte, a meio caminho do toque de Deus, a meio caminho de Sua presença consumidora. "E subiram Moisés, e Arão, e Nadabe, e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel... Ele (Deus) não estendeu a mão sobre os escolhidos dos filhos de Israel" (Êxodo 24:9-11). Note o último versículo: o Senhor não os julgou. Em verdade, tais homens mereciam ser exterminados, devido ao pecado. Mas o único desejo de Deus era redimi-los.

A seguir lemos, "Levantou-se Moisés com Josué, seu servidor; e, subindo Moisés ao monte de Deus, disse aos anciãos: Esperai-nos aqui até que voltemos a vós outros" (24:13-14). Os anciãos deveriam permanecer e aguardar o retorno de Moisés. Mas quase imediatamente, seus corações foram atraídos pelo acampamento israelita lá embaixo. Logo não quiseram mais esperar pelo Senhor.

Vejo o quadro de Nadabe e Abiú como os primeiros a descer do meio do caminho. Estavam loucos para voltar junto à multidão agitada, entregue aos desejos imorais. Então seguiram a atração da carne. A despeito da aparição de Deus a eles na nuvem escura, a despeito de lhes ter sido permitido comer e beber na Sua presença, eles deixaram aquele lugar intocados.

Esses dois homens representam líderes cristãos de hoje que livremente se entregam à luxúria, à pornografia, ao adultério. Estão tão endurecidos pelo pecado, que nada os atinge. Eles rejeitam todo chamado misericordioso do Espírito Santo, toda mensagem que lhes possa convencer trazida por profetas, todo encontro com o próprio Senhor. Eles abortam todas Suas tentativas para livrá-los.

Os próximos homens a serem tentados foram Arão e outros líderes piedosos. Um após o outro cochichavam: "Não sabemos o que aconteceu com Moisés. Vai ver que eles nos abandonou". Logo todo o corpo de anciãos repetia essa falação de incredulidade. Esses homens eram pessoas que haviam sido chamadas por Deus à uma vida de oração e comunhão. Mas agora, um a um, saíam de Sua presença intocados. Não se arrependeram e nem se renderam à Sua santidade. Antes, dirigiram-se à religiosidade abominável da carne.

Contudo, mais acima sobre o monte, Moisés experimentava o toque de Deus de maneira plena. Como? Ele foi obediente à voz do Senhor. Ele havia seguido Seu chamado para subir: "Disse o Senhor a Moisés: Sobe a mim, ao monte, e fica lá" (24:12). Deus estava dizendo em outras palavras: "Venha à Minha presença. Simplesmente permaneça lá para Mim".

Por seis dias, Moisés aguardou fora da nuvem de glória. Creio que foi durante estes seis dias que os anciãos foram embora a meio do caminho. Estavam convencidos que Deus não tinha nada mais a lhes dizer. Mas Moisés obedeceu ao Senhor aguardando. Então lemos: "Ao sétimo dia, do meio da nuvem chamou o Senhor a Moisés... E Moisés, entrando pelo meio da nuvem... lá permaneceu quarenta dias e quarenta noites" (24:16,18).

Moisés recebeu uma incrível revelação de Deus durante estes quarenta dias. E exatamente como Deus chamou Moisés na época, Ele está chamando Seus servos ao monte hoje. O Seu Espírito nos preme a subir à uma dimensão mais elevada e mais profunda nEle, à uma posição que nunca conhecemos antes. Ele está nos chamando à comunhão, à intimidade, a conversar com Ele face a face, como Moisés fez.

Em verdade, Deus nos deu o mesmo mandamento para esperarmos nEle: "Tu és o Deus... em quem eu espero todo o dia" (Salmo 25:5). "Os que esperam no Senhor renovam as suas forças" (Isaías 40:31). "Sou o Senhor e... os que esperam em mim não serão envergonhados" (Isaías 49:23). Passagens e mais passagens nos chamam a esperar em Deus. No entanto, quantos de nós rapidamente voltamos aos nossos antigos caminhos? Quantos de nós são puxados pela carne à uma forma morta de religião?

O Espírito Santo diz o seguinte ao meu coração: "David, os que esperam na Minha presença, Me alimentam. A adoração silente, a espera para ouvir Minha voz, são o Meu alimento". Tais servos que foram tocados por Deus resolveram: "Vou esperar no Senhor. Não aceitarei nada menor que uma comunhão face à face com Ele. Não importa o quê os outros façam em seu caminhar. Quero que Deus me leve à dimensões nEle onde os outros se recusam a ir".

2. Deus Nos Chama Para Sair.

"Ora, Moisés costumava tomar a tenda e armá-la para si, fora, bem longe do arraial; e lhe chamava a tenda da congregação. Todo... que buscava ao Senhor saía à tenda da congregação" (Êxodo 33:7).

Esse não se tratava do tabernáculo do deserto; ele não havia sido construído ainda. Antes, esse tabernáculo era a "tenda de reunião". Ele servia como lugar de oração para Moisés quando saía para encontrar-se com o Senhor. Então, por que Moisés o armava longe do arraial? Ele fazia isso porque Israel havia se profanado. Havia rejeitado a autoridade de Deus. Ao invés, voltou-se à prática de todos os tipos de grosseira pecaminosidade: idolatria, sensualidade, adultério, nudismo.

Deus finalmente teve de remover Sua presença de Israel. Ele declara: "Não posso andar em meio a um povo profano. Vocês têm dura cerviz, que deve ser destruída. Então, removam todos seus ornamentos e parem de se pavonear. Vou decidir o que fazer com vocês" (v. 33:5).

Uma manta de morte pairava sobre o arraial. Deus tinha removido a coluna de fogo, e não se podia encontrar a Sua presença. Igualmente hoje, uma atmosfera de morte paira sobre igrejas de onde Deus removeu Sua presença. Não importa se a congregação canta alto, ou se há um novo método de adoração, ou se o pastor se esforça para trabalhar com a emoção das pessoas. O lugar está morto, desprovido da presença de Deus. Os sermões não têm vida, falta convencimento. E as ovelhas são deixadas famintas e desejosas.

Moisés sabia que só a presença de Deus traz vida. Por isso ia à tenda de reuniões continuamente, orando: "Senhor, uma única coisa torna Israel diferente das outras nações: a Tua presença. Sem Ti em nosso meio, não somos melhores do que os ímpios. Não temos forças contra nossos inimigos. Se não tivermos Tua presença, não teremos razão de existir. Podemos parar agora mesmo. Eu não prosseguirei sem Ti".

O Senhor diz a Moisés que não voltaria ao arraial profano. Mas concordou em enviar um anjo para guiar Israel: "Vai, pois, agora, e conduze o povo para onde te disse... eis que o meu anjo irá adiante de ti" (32:34). E então promete: "Enviarei o anjo adiante de ti; lançarei fora (seus inimigos)... sobe para uma terra que mana leite e mel; (mas) eu não subirei no meio de ti" (33:2-3).

Tive de reler este último versículo várias vezes antes de entender o quê Deus estava dizendo. Em resumo Ele dizia ao Seu povo: "Vão em frente, avancem, façam suas guerras. Vocês derrotarão os inimigos; e obterão as casas, os vinhedos e as propriedades deles. Manterei todas as Minhas promessas; mas a Minha presença não estará com vocês".

Essa passagem explica muito do que aconteceu com a igreja de Deus em nossos dias. Um número incontável de pastores e igrejas têm se movido sem a presença de Deus. Estão construindo enormes igrejas, mostrando elevados números, produzindo riqueza de fundos. Alguns até expulsam demônios ou curam enfermos. Mas o Senhor não está em seu meio. A manifesta presença de Cristo não é encontrada entre eles.

Jesus predisse que tais coisas aconteceriam nos últimos dias. Ministros movidos pela carne fariam grandes obras, despreocupados quanto à presença do Senhor com eles. Eles só se preocupam em pagar as contas, e em que milhares de pessoas juntem-se à igreja. Alguns pastores na verdade temem a presença de Deus - eles não permitem que ministros visitantes preguem, com medo de que uma mensagem com convencimento possa afugentar os paroquianos.

Deus está dizendo a eles nestas passagens: "Vão em frente; consigam a prosperidade. Mas estejam preparados para que a Minha ira irrompa a qualquer momento. Suas atividades através da carne e a profanação removeram Minha presença de vocês".

Um verdadeiro pastor de Deus, contudo, tem uma preocupação primordial: "Será que o Senhor está entre nós? Sua presença está aqui em nosso meio?".

Moisés Sabia o que Seria Necessário
Para Trazer de Volta a Presença de Deus

A presença de Deus não voltará à nenhuma igreja enquanto o ministro e os membros não abandonarem a impureza. Eles devem deixar a luxúria e se separar numa posição de pureza de coração.

Israel havia se corrompido totalmente, incluindo Arão e os sacerdotes. Então, Moisés deixou o acampamento e isolou-se com o Senhor. Imediatamente Deus encheu a tenda de reuniões com Sua presença: "Uma vez dentro Moisés da tenda, descia a coluna de nuvem e punha-se à porta da tenda; e o Senhor falava com Moisés... Falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala a seu amigo" (Êxodo 33:9-11).

Moisés brilha como exemplo do que é preciso para trazer de volta à igreja a manifesta presença de Cristo. Primeiro, o ministro precisa separar-se para Deus e amarrar-se a Ele em intercessão. A seguir um remanescente santo deve seguir o pastor, abandonando o quê é profano. Um espírito de arrependimento penetrará o novo arraial. Logo brotará adoração pura. E as pessoas saberão que o Senhor retornou.

Essa é a única maneira de trazer de volta a presença de Deus: recusar-se ficar na sujeira. Alguém poderá dizer: "Mas isso é teologia do Velho Testamento. Não dá pra aplicar isso nos dias do Novo Testamento". Mas Paulo previne claramente: "Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir (profanar) o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sóis vós, é sagrado" (I Cor. 3:16,17).

Em resumo, Deus está dizendo: "Remova de si toda a lascívia: pornografia, desejos, adultério. Afaste-se da amargura que cresce dentro de você. Separe-se do profano". Essa conversa de separação pode não soar como cristianismo "normal". Um caminhar normal com Jesus atualmente significa ler um capítulo da Bíblia, orar no caminho para o trabalho, ir à igreja no domingo. Mas, amado, não estamos vivendo em tempos normais. Hoje Deus está convocando o Seu povo para um cristianismo radical.

Agora mesmo, milhares e milhares de muçulmanos se alinham suplicando: "Quero morrer por minha fé". Rezam com devoção seis vezes por dia. No entanto, o tempo todo, dezenas de milhares de cristãos nesse país sentam-se preguiçosamente na frente da TV, absorvendo sujeira. Como mencionei antes, a nossa sociedade está sentada no limiar, aguardando mais destruição. Trememos ao pensar nos próximos ataques terroristas. No entanto, a cristandade que o mundo vê é fraca, sem poder, saturada pela carne; uma cristandade que não ora.

Vai ser preciso uma infusão sobrenatural da presença de Deus para que Sua igreja volte a viver novamente. E isso significa medidas radicais no meio do Seu povo. Deus não está lhe pedindo para orar seis vezes por dia, ou para jejuar durante semanas seguidas. Ele simplesmente deseja comunhão.

O Senhor está pedindo que você O encontre na montanha. Ele quer que você suba, que saia da impureza. O Seu grande desejo é levá-lo de maneira cada vez mais profunda e ampla ao Seu coração. É assim que Ele responde a um mundo em crise. Ele faz com que Seus servos O levem a sério mais do que nunca. E os enche com Sua presença. Então as multidões do mundo verão e saberão que Jesus Cristo é Senhor.

Copyright © 2002 by World Challenge, Lindale, Texas, USA.

terça-feira, novembro 07, 2006

Um Clamor Sem Voz

Por David Wilkerson

Em Marcos 7, vemos Jesus realizando um grande milagre. Toda a dramática cena ocorre em apenas cinco versículos:

“De novo, se retirou das terras de Tiro e foi por Sidom até ao mar da Galiléia, através do território de Decápolis. Então, lhe trouxeram um surdo e gago e lhe suplicaram que impusesse as mãos sobre ele. Jesus, tirando-o da multidão, à parte, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e lhe tocou a língua com saliva; depois, erguendo os olhos ao céu, suspirou e disse: Efatá; que quer dizer: Abre-te! Abriram-se-lhe os ouvidos, e logo se lhe soltou o empecilho da língua, e falava desembaraçadamente” (Marcos 7.31-35).

Imagine a cena. Quando Jesus chegou aos termos de Decápolis, encontrou um homem que era ao mesmo tempo surdo e gago. O homem conseguia falar, mas suas palavras não eram compreensíveis. Cristo levou o homem à parte, separado da multidão. Ali diante daquele homem, Jesus colocou os dedos nos próprios ouvidos. Depois cuspiu, e tocou em Sua própria língua. Falou duas palavras: “Abre-te”. No mesmo instante, o homem conseguiu ouvir e falar claramente.

Pouco antes desta cena, Jesus havia libertado a filha endemoninhada de uma mulher. Simplesmente proferindo uma palavra, Ele expulsou o espírito maligno da moça. Pergunto: por que estes dois milagres estão registrados nas Escrituras? Foram incluídos como apenas mais duas cenas da vida do Senhor na terra?

A grande maioria dos cristãos acredita que tais histórias foram preservadas nas Escrituras porque nos revelam muitas coisas - seu propósito é revelar o poder de Deus sobre Satanás e a doença; são prova da divindade de Jesus, para estabelecer o fato de que Ele era Deus em carne; e têm a finalidade de encorajar nossa fé, e mostrar-nos que Deus pode operar milagres.

Eu acredito que estas histórias foram registradas por todos estes motivos, e muito mais. Jesus nos diz que cada palavra que Ele profere veio do Pai. Ele não dizia nem fazia algo por conta própria, mas por orientação do Pai. Além disso, cada evento da vida de Jesus contém uma lição para nós, sobre quem “os fins dos séculos têm chegado” (vide 1 Coríntios 10.11).

Este milagre de Marcos 7 não é só sobre a cura de um homem que viveu há muitos séculos. Como cada evento registrado da vida de Jesus, isto tem um significado especial para nós hoje. E, como a parábola de Jesus sobre o tesouro escondido no campo, a nossa tarefa é cavar até encontrar este significado.

Creio Que Este Milagre Revela
a Misericórdia e a Compaixão Insondáveis de Cristo
Pela Geração Atual

Já há algum tempo, tenho ficado perplexo com questões sobre a atual geração de jovens. Essas perguntas ardem dentro de mim, e me deixam confuso. Mas creio que a história desse milagre contém uma revelação que responde a muitas destas perguntas.

Primeiro, quero perguntar quem era este homem que levaram a Jesus: “um surdo e gago” (Marcos 7:32). Não sabemos o seu nome. Mas creio que sabemos quem ele representa para nós hoje. Ele é um exemplo daqueles que “têm ouvidos e não ouvem” (Salmo 115.6). Evidentemente, este versículo refere-se à uma condição espiritual. Descreve um estado de surdez espiritual, uma incapacidade de ouvir e compreender a verdade de Deus.

Estou profundamente impressionado achando que este homem surdo e gago é como a grande maioria dos jovens de hoje. Creio que isto se aplica especialmente aos filhos de lares cristãos. Muitos simplesmente não parecem ter a capacidade de ouvir e assimilar a Palavra de Deus.

Estou falando dos bons garotos: os que são respeitosos, obedientes, não farristas. Não estão envolvidos com drogas, bebida, sexo ou imoralidade. Mas são extremamente passivos em relação a Deus. Em todos os meus anos de ministério, nunca vi tanta ausência de envolvimento com as coisas de Deus como nesta geração.

Tenho encontrado vários destes jovens espiritualmente surdos em muitos lugares do mundo. E durante anos tenho perguntado por que tantos jovens bons, especialmente aqueles criados por amorosos pais cristãos, podem ficar passivos em relação a Jesus. Ouvem mensagens ungidas, receberam um evangelho de amor, mas continuam não respondendo.

Tenho sofrido muito por ver esta situação com alguns dos meus próprios netos. Eles têm ouvido meus sermões, me ouviram pregar com lágrimas nos olhos e com a autoridade do Espírito. Mas não demonstram qualquer reação visível. Às vezes penso: “Talvez hoje seja o dia que o Espírito Santo vai derreter essa mornidão, essa passividade. Talvez verei uma lágrima para dar uma evidência de que Deus está tocando este coração jovem”.

Fico me perguntando: “Será que são inteiramente surdos? Ou será que rejeitaram a Deus? Será que fecharam os ouvidos para que não ouçam?”. Luto com estes pensamentos, porque sei que são garotos bons, que não rejeitaram Jesus. Mas simplesmente não possuem paixão. E Cristo mesmo adverte que pessoas boas acabarão no inferno, se forem mornos (ver Apoc. 3:16).

Vejo a mesma situação com muitos maridos cristãos. São homens bons, maridos fiéis, pais amorosos, provedores responsáveis. Quando vêm à igreja com as esposas, eu sei que elas estão orando: “Talvez hoje Deus tocará o coração do meu marido”. Mas no fim, ele apenas dá um sorriso e diz: “Gostei do culto de hoje. Volto com você qualquer dia desses”. Estes homens não rejeitaram Jesus. Não são ímpios, sensuais ou imorais. Mas se continuarem apenas admirando Cristo, estarão perdidos.

Tenho vários amigos que são assim também. Gostam muito de mim, e fariam qualquer coisa em meu benefício; de vez em quando, vêm à Igreja de Times Square e sempre elogiam minha pregação. Mas a Palavra de Deus nunca os alcança, nunca faz efeito. Eles sabem falar sobre a morte de Cristo, Seu sepultamento e ressurreição, porque já ouviram pregações sobre isto inúmeras vezes. Mas são passivos. Saem da presença de Deus da mesma forma como entraram: sem transformação.

Estou dizendo: todos eles têm ouvidos, no entanto não ouvem. São espiritualmente surdos.

Há Uma Única Esperança na Terra
Para Uma Pessoa Assim Ouvir e Falar

A única esperança do homem surdo e gago era chegar a Jesus. Precisava de um encontro pessoal com Ele.

Quero destacar que este homem não era como aqueles que Paulo descreve: “como que sentindo coceira nos ouvidos... e se recusarão a dar ouvidos à verdade” (2 Timóteo 4:3,4). Ele também não tinha “espírito de entorpecimento... ouvidos para não ouvir” (Rom. 11:8). Não era como aqueles descritos em Atos 28:27: “com os ouvidos ouviram tardiamente e fecharam os olhos, para que jamais vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos”. E também não era como os que estavam presentes no apedrejamento de Estevão, pessoas que “taparam os ouvidos” (Atos 7:57).

O fato é que este homem queria ouvir. Ele queria desesperadamente ser curado. Entretanto, lemos no texto que “lhe trouxeram um surdo e gago” (Marcos 7:32, ênfase minha). Este homem não chegou a Jesus por conta própria. Teve de ser levado a Ele. Sem dúvida, deve ter ouvido falar sobre Jesus, e sobre o Seu poder de curar; além disso, sabia como se comunicar, através de gestos ou pela escrita. E conseguia andar por aí sozinho. Mesmo assim, nunca fez o esforço de chegar a Jesus por si mesmo. “Eles” tiveram de trazê-lo.

Quem eram “eles” neste versículo? Só posso especular: podem ter sido os familiares do homem, ou seus amigos, pessoas que se importavam o suficiente para levá-lo a Jesus. Creio que esta cena tem tanto a ver com a situação dos nossos jovens hoje. Eles não vão a Jesus por conta própria. É preciso que sejam levados pelos pais, amigos, pessoas da família da fé. Como os pais do surdo, nós também precisamos levar nossos filhos e queridos a Cristo. “Como?”, você pergunta. Através de oração confiante e diária.

Pense sobre isto. Suponha que foram os pais do homem surdo que o levaram a Jesus. Eles sabiam o quanto seu filho precisava de um encontro pessoal. Afinal, não podiam suplicar que o rapaz ouvisse. Seria tolice insistir com ele, ou ficar bravo. E seria cruel fazê-lo sentir-se condenado por não conseguir verbalizar os pensamentos do coração.

No entanto, muitos pais cristãos, incluindo a mim mesmo, conseguem ser muito cruéis com seus próprios filhos exatamente desta forma. Como? Ficamos aborrecidos com eles porque não conseguem nos dizer por que ainda não vieram a Jesus. Não conseguimos entender por que não são capazes de colocar em palavras os pensamentos do coração. A verdade é que são espiritualmente gagos.

Não dá nem para começar a imaginar como o mundo está afetando a geração atual. Os jovens de hoje têm suportado mais do que qualquer geração anterior. Experimentaram o terror do dia 11 de setembro de 2001; viram chacinas em escolas; ouviram de escândalos sexuais na presidência do país; viram evangelistas conhecidos sendo expostos como pecadores pervertidos. E agora estão acompanhando presidentes e diretores de grandes empresas sendo flagrados por terem trapaceado para satisfazer sua ganância egoísta. Seria de se admirar que estejam confusos sobre quem Deus é, e onde Ele situa-se nas suas vidas?

De fato, não importa por que nossos filhos chegaram à esta situação. É inútil tentar descobrir por que estão tão surdos à Palavra de Deus, tão incapazes de expressar o clamor de seu coração. Afinal, as escrituras não dizem como este homem surdo e gago chegou à esta situação. Nenhuma palavra menciona se nasceu assim. Isto simplesmente não importa. Da mesma forma, não há propósito algum em os pais cristãos investigarem o que podem ter dito ou feito de maneira errada na criação dos filhos. Não devemos ficar olhando para o passado, fazendo suposições, levantando culpas.

A verdade é que nenhum pai ou amigo íntimo pode levar um jovem surdo a ouvir - por meio de aconselhamento. Você não pode fazer um gago falar claramente, simplesmente por amá-lo. Não vai funcionar. E não há pastor, conselheiro, ou líder da mocidade que possa convencer o jovem a ouvir a verdade. Isto não acontece pelo amor, por condenação, ou aconselhamento. Eles simplesmente são surdos.

Só há uma cura, uma esperança, para nossos filhos e queridos poderem ouvir a verdade. E isto é um encontro pessoal com o próprio Jesus. “E lhe suplicaram que impusesse as mãos sobre ele” (Marcos 7.32). Em grego a palavra que foi traduzida “suplicaram” aqui, significa imploraram, clamaram. Estes pais imploraram a Jesus: “Por favor, Senhor, toca o nosso filho. Coloca Tua mão sobre ele”.

Qual Foi a Primeira Coisa que Jesus Fez
Quando o Homem Foi Levado a Ele?

“Jesus, tirando-o da multidão, à parte...” (Mc 7.33). Jesus soube imediatamente o que o homem surdo queria. Ele ansiava por seu próprio toque pessoal, sua própria experiência. Não dava para se contentar com algo que “eles” tinham encontrado. Tinha de ser real para ele. O homem queria que Jesus abrisse os ouvidos e soltasse sua língua. E tinha de acontecer entre ele e Jesus.

Você pode estar dizendo: “Você não está entendendo. Eu vi meu filho entregar o coração a Jesus há alguns anos. Ele se ajoelhou diante do Senhor e orou. Depois disso, afastou-se, mas já voltou correndo para Jesus arrependido. Ainda é um moço correto, sem imoralidade e bondoso, mas agora ficou morno. Parece não se importar com as coisas de Deus. O que aconteceu? Por que não se entrega completamente? O que o impede de se comprometer por completo?”.

A resposta é: ele ainda não teve seu próprio encontro com Jesus. Ele foi a Cristo baseado na experiência do pai, da mãe, ou do amigo. Entregou sua vida por causa da insistência de outra pessoa. Ou, talvez, tenha ouvido uma mensagem tão forte sobre o inferno que ficou com medo e correu para Jesus.

Há inúmeras razões por que a experiência não durou para seu filho. O que quero dizer é que ele não encontrou Jesus por si próprio. Pode ser que conheça a verdade por observar Cristo na vida dos outros. Mas não experimentou Jesus de forma pessoal. Ainda não foi tirado da multidão, e levado à parte, para receber seu próprio toque individual. A revelação precisa vir quando ele está a sós com o Senhor.

Se você já serviu a Deus durante muitos anos, quero lhe fazer uma pergunta: não é fato que você pode voltar ao passado e lembrar do dia ou do momento quando teve um encontro sobrenatural com Jesus? Ele o tocou, e você soube disso. Não foi uma experiência que recebeu por causa de outra pessoa. Não foi implantada em sua vida porque ouviu alguém pregar sobre isso. Você experimentou Jesus por si mesmo. É por isto que está confiante no que tem com Ele.

Jesus sabia que o homem surdo precisava deste tipo de encontro. Por isto comunicou-se com ele na sua própria linguagem: a linguagem dos sinais. “Pôs-lhe os dedos nos (próprios) ouvidos e lhe tocou a língua com saliva” (Marcos 7:33). Vejo Jesus colocando os dedos nos próprios ouvidos, apontando ao surdo e fazendo sinais com a boca. “Vou abrir teus ouvidos”. Então, pôs Sua língua para fora, tocou nela e cuspiu (provavelmente porque o gago não conseguia cuspir). Estava querendo mostrar: “Vou soltar os laços que amarram sua língua. E você será como todos os outros homens”.

Você consegue imaginar o que passava pela mente do homem surdo? Ele deve ter pensado: “Ele está falando a minha linguagem. Ele não está pedindo que eu O compreenda. Ele quer mostrar que me compreende! E levou-me à parte para não me envergonhar. Ele sabe como sou acanhado, e não quer fazer uma demonstração pública".

“Ele não está me questionando, nem me acusando. Sabe exatamente o que tenho passado. Sabe que não O rejeitei. Sabe que quero ouvir Sua voz, e falar com Ele. Sabe que meu coração deseja louvá-Lo. Mas não consigo fazer nenhuma dessas coisas, se não receber Seu toque sobrenatural. Ele deve saber que é isso que quero”.

Nosso Salvador demonstra o mesmo tipo de compaixão aos nossos queridos não salvos. Ele não fará espetáculo público com ninguém. Pense de como foi paciente e compassivo para com Saulo de Tarso. Este homem muito conhecido teria um encontro milagroso com Jesus. E Cristo poderia ter chegado a ele a qualquer momento. Ele poderia tê-lo derrubado enquanto Estevão estava sendo apedrejado, diante das multidões. Poderia ter feito da conversão de Saulo um exemplo público. Mas não o fez.

Ao invés disso, Jesus esperou que Saulo estivesse praticamente sozinho no deserto, montado no seu cavalo, “à parte da multidão”. Foi lá que Jesus chegou a Saulo, tocando-o de modo sobrenatural. E durante anos Saulo, que depois foi chamado Paulo, recontava a história daquele dia. Jesus lhe deu seu próprio toque sobrenatural, abrindo seus olhos cegos.

Você não precisa ir à frente numa igreja para ter um encontro com Jesus. A melhor obra dEle é feita em secreto. É por isto que ele nos diz: “Quando você for orar, vá para seu quarto, em secreto, longe da multidão. Então, busque-Me em particular. Eu o recompensarei em público”.

À Sós com Este Homem, Jesus

Faz Algo Extremamente Incomum

“Erguendo os olhos ao céu, suspirou” (Marcos 7.34). A palavra “suspirar” aqui significa um gemido audível. Aparentemente, Jesus fez uma expressão de dor e um gemido saiu do Seu coração. É claro que o homem não ouviu, porque era surdo. Mas por que este gemido?

Já li vários comentários sobre esta cena. Mas nenhum menciona nada a respeito do que o Espírito Santo está falando comigo através deste texto. Estou convencido de que Jesus estava olhando para o céu e comunicando-se com o Pai. Estava chorando baixinho em Sua alma em relação à duas coisas. Primeiro, chorava em relação à algo que só Ele podia ver neste homem. E segundo, chorava por algo que vê ainda hoje, trancado no coração de tantas pessoas, especialmente nos jovens.

O que Jesus viu, tanto naquele dia como hoje? O que Ele estava ouvindo, tanto no coração do homem surdo, como no coração de tantas multidões hoje? ELE ESTAVA OUVINDO UM CLAMOR SEM VOZ. Era um clamor de coração, abafado, incapaz de ser expresso. Agora o próprio Jesus gemia com um clamor que não conseguia ser expresso. Ele estava dando voz aos clamores de todos aqueles que não conseguem se fazer ouvir.

Pense quantas noites este homem chorou até pegar no sono, porque ninguém o entendia; nem mesmo sua mãe ou seu pai podiam compreender o que falava. Quantas vezes quis explicar o que estava sentindo, mas tudo que saía eram sons doídos, desajeitados. Ele deve ter pensado: “Se eu conseguisse falar, pelo menos uma vez. Se minha língua ficasse solta por um minuto; eu diria aos outros o que se passa na minha alma. Eu gritaria: ‘Não sou um idiota. Não estou debaixo de maldição. E não estou fugindo de Deus. Só estou confuso. Tenho problemas, mas ninguém consegue me ouvir’”.

Mesmo assim, Jesus ouviu os pensamentos do coração deste homem frustrado. Ele compreende cada gemido interior que não consegue sair. A Bíblia diz que nosso Senhor se comove com os sentimentos das nossas enfermidades. E Ele sentiu a dor da surdez deste homem, e da sua incapacidade de falar.

Creio que Jesus estava expressando a dor do Pai sobre cada clamor inaudível do coração. Era Deus encarnado, gemendo por todo clamor que provém do coração e não consegue achar uma voz: “O que está errado comigo? Eu não estou com raiva de Deus. E sei que Jesus é real. Eu O amo e quero servi-Lo. Mas estou confuso. Por que não consigo falar tudo isso que está abafado no meu coração?”.

Tenho onze netos, e todos os dias oro por cada um deles. Nestes dias estou orando diligentemente por alguns em especial, levando-os a Jesus através da oração intercessória. São garotos bons, obedientes, com pais amorosos. Todos confessam sua fé em Jesus, e têm corações sensíveis. Porém, vejo passividade neles.

Recentemente, tenho procurado encontrar tempo para falar com cada um em particular. Falo com eles: “Você sabe que estou orando por você; você sabe que seus pais estão orando por você, também. Sabemos o quanto você ama ao Senhor, lá no íntimo do seu coração. Mas por que está tão passivo? Nunca vejo você falar sobre as coisas de Deus. Não sei se você lê sua Bíblia ou se ora. Por favor, fale comigo sobre o que se passa no seu coração. Há alguma coisa atrapalhando?".

A princípio, apenas dão com os ombros. Depois me dizem: “Vovô, não sei. Não estou bravo com Deus. Só estou confuso. Acho que não sei explicar”.

E aí fico perplexo. Tenho que perguntar para Deus. “O que está acontecendo? Ouço um clamor, um som meio confuso, um anseio. Mas não conseguem colocar isso em palavras para mim. Parece que querem me dizer algo, mas não conseguem”.

Estou convencido que multidões de outros jovens estão na mesma situação. Se pudessem explicar seu clamor, seria mais ou menos assim: “Já vi tanta hipocrisia na igreja. Agora estou vendo isso também no mundo dos negócios, na escola, em todo lugar. Tenho problemas sentimentais, problemas com os amigos. Tá tudo acumulando em cima de mim. Mas não consigo falar com ninguém. Meus pais são abertos, mas parece que não consigo tirar para fora".

Não ouvimos este clamor. Nenhum ser humano consegue ouvi-lo; nem podemos esperar compreendê-lo. Então, o que devemos fazer? Sabemos que conversas a sós não abrem ouvidos surdos. Creio que só temos uma opção

Temos de Levar os Nossos Amados à Jesus, de Joelhos

Precisamos pedir a Cristo que lhes dê sua própria experiência. Temos de levá-los a Jesus, assim como os pais do homem surdo fizeram, para que recebam seu próprio toque pessoal. “... lhe suplicaram que impusesse as mãos sobre ele” (Mc 7:32). Devemos orar: “Senhor, encontre-os sozinhos. Envia o teu Espírito Santo para despertar e conquistar seus corações. Revela-Te a eles. Dá-lhes sua própria experiência”.

Há pouco tempo, um moço veio à frente durante uma reunião de oração. Ele estava abalado e chorando. Contou-me que era de outro estado, e que entrara ali no templo por acaso. Depois saiu, foi para um concerto, mas também não conseguiu ficar naquele evento. Agora estava de volta na igreja, e queria oração. Perguntei: “Seus pais são cristãos?” Ele respondeu: “Sim, estão sempre orando por mim”.

Pergunto a você: Foi apenas “por acaso” que este moço entrou em nossa igreja? Dificilmente. Ele estava tendo seu próprio encontro com Cristo. Ninguém o havia empurrado, nem insistido com ele. Entretanto, indiscutivelmente, foi levado a Jesus. Como? Minha convicção é que foi por intermédio das orações de seus pais.

“Depois erguendo os olhos ao céu, suspirou e disse: Efatá!, que quer dizer: Abre-te! Abriram-se-lhe os ouvidos, e logo se lhe soltou o empecilho da língua, e falava desembaraçadamente” (Mc. 7:34-35).

Jesus realizou um milagre em particular, só para este homem. E a primeira voz que o surdo ouviu foi a voz de Cristo. Certamente Jesus falou com ele, para provar-lhe que agora podia ouvir. Oh, como aquele homem deve ter conversado. De sua boca deve ter jorrado anos de sentimentos sufocados. Agora podia expressar aquele clamor interior que antes não tinha voz.

Imagino-o caindo nos braços do Senhor, chorando: “Jesus, o Senhor ouviu a voz do meu clamor” (veja Salmo 5.2). Considere a pungência e o poder do Salmo 5 para este homem curado: “Escuta, Rei meu e Deus meu, a minha voz que clama, pois a ti é que imploro. De manhã, Senhor, ouves a minha voz; de manhã te apresento a minha oração” (5: 2,3). O amor que este homem tinha por Jesus agora era uma experiência dele. Ele tivera um encontro com o Senhor.

Amado, quando você orar por parentes ou pessoas queridas, lembre-se que Jesus geme por eles. Ele não gemeu apenas por um homem em Decápolis. Estava chorando pelos clamores abafados e íntimos dos seus filhos, de seus parentes não convertidos, e dos meus. Talvez você precise mudar a maneira de orar por eles. Ore para que o Espírito Santo vá atrás deles, conquiste-os e os atraia, despertando e sacudindo-os com um novo desejo por Jesus.

Ore “Senhor, leve meu filho, meu parente, meu amigo, para longe da multidão. Faze com que fique isolado, sozinho conTigo. E dá-lhe o Teu toque. Faze com que tenha um despertamento particular e pessoal. Que seja uma experiência profunda e sobrenatural conTigo.”

Quero terminar com uma advertência: você está espiritualmente surdo para a Palavra de Deus? Está impedido de falar, incapaz de falar com intimidade a respeito de Jesus? Então não tem desculpa. Você sabe como chegar a Jesus. E sabe que Ele ouve o seu clamor. Ele está esperando que você encontre um lugar a sós com Ele. Esta é a hora de chegar-se a Cristo, para que Ele possa chegar-se a você (ver Tiago 4.8).

Em Lucas 18, lemos a respeito de um homem que foi à igreja orar. Ele ficou lá atrás sozinho, separado da multidão. Estava tão desesperado que a única coisa que conseguia fazer era olhar para baixo e bater no peito (ver Lc. 18:13). Estava usando linguagem de sinais, para dizer: “Senhor, ouve o clamor do meu coração. Estou cansado do meu vazio. Preciso de um encontro conTigo. Quero saber, eu mesmo, quem Tu és. Só Tu compreendes o que está no meu coração. E só Tu sabes o que estou passando. Não consigo orar, porque estou todo amarrado. Preciso do Teu toque, Jesus. Tem misericórdia de mim, pecador” (v. Lc. 18:13).

Jesus disse o seguinte a respeito dele: “Digo-vos que este desceu justificado para sua casa ... porque ... o que se humilha será exaltado” (Lc 18:14). Que seja assim para você também.

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